Lembra?... Aconteceu a matéria física dos corpos orbitando os dias, suspensos no tempo, nos agoras flashes fotográficos. Tudo é esquecível. Tudo é performance, nada escapa, grande Brahma, do fluxo de um meme.
Manipulo, sugestiono, convenço, dobro roupas embalado pelos discos de conforto, penso: haverá o tempo em que os jovens não entenderão o conceito de um disco e seu contexto? É hoje? Importa?
Voltaste dos outroras, das miragens curvilíneas, subverteste a boca tradutora do silêncio, impuseste as mãos aos meus enfermos versos e disseste: "vai, e anda!" Então corri por toda Jerusalém louvando Lilith!
Quando eu dormia com as musas outonais trouxeste teus jasmins, tuas acácias, teus ipês, tuas flores de maio, as tuas, os teus...
Demoro-me, ritualístico, lapidando o subjetivo, fui combatido e decapitado, com os olhos abertos furto os lumes fugidios, as músicas fluviais nirvanizadas, baforo haxixe...
Pequei quando a expectativa era que fosse eleito, digno do arrebatamento, do emprego da palavra, dos infravermelhos e véus químicos que revelam a identidade dos astros, dos planetas em zona habitável, das anãs escarlates, dos campinhos de várzea floridos de ervas vulgares — beijos róseos. Demarco-me fronteiras com bandeiras de sangue e coagulo de mágoas, inoculo alfazemas, sugestões circundantes, transcenderam-me os espectros dionisíacos no éter, dei um gelo em Prometeu e deixei o fogo primo sobre o altar bizarro do mito, intocado, indexado e vetado, dei um block, parei de segui-lo.
Lembra?... gêiser de brados bélicos ecoando na manhã de sábado, ah, que cheiro de pão! Eis as cruzes nos ombros dos atlas modernos, as entranhas dos titãs aos bicos dos abutres, quanta gula, quantos boletos bancários, quantos quadros abusivos, quantos esgotos boquiabertos, quantos juros e processos, quantos desenhos nus, Lázaros bichados, legiões de arcanjos queer sedutores, esquecimentos clássicos, múltiplos quadros clínicos...
Mas, onde estiveres, que meu amor te acompanhe.