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29.11.25

um romance noir

a cena em branco e preto;
silêncio e pausa lenta –
escrevo-te o soneto
que a nossa dor inventa... 

teu filme predileto, 
que entrega representa! 
cenário e som; projeto
que a nossa dor sustenta... 

nas sombras – madrugada –
fugimos pela estrada
do sonho e sobretudo

a chuva – triste acólita –
exausta, forte e insólita 
fechava o fim de tudo...

7.11.25

o espião na casa do amor

o amor é força motriz –
fonte de luz que transpasso,
o amor não é infeliz,
nem idolatra o fracasso,

o amor é aquilo que diz –
canta no tom, no compasso,
o amor é sempre um aprendiz 
tentando ter mais espaço,

tão mais humano esse amor
sobrevivente e senhor
da sua própria vontade...

que fez meu peito se abrir,
que vem dançar – conduzir,
que tem total liberdade...

21.10.25

controversa

se foi como chegou —
amor a duras penas,
tão bela nessas cenas
que a dor fotografou...

vive no que deixou
para morrer, apenas,
como febris falenas
que o fogo flamejou

pudera ouvir e crer?
te fiz me conhecer 
as vidas mil de outrora...

e agora, tristemente,
você me quer poente
e nunca mais aurora...

13.10.25

inconstante

esse Olhar periférico
que nos olha através 
de um reflexo esotérico;
esse Olhar sem viés 

que prolífero e feérico
revelou quem tu és;
esse Olhar imagético 
de Isis, de Nephthés;

esse Olhar que cativa
mesmo a quem se priva 
do socorro dos seus,

esse Olhar perigoso;
como um Sol curioso
sobre as obras de Deus!

27.9.25

tensão

em volta desta fonte,
quando a Noite se estender
e o Sol, cansado, descer
os muros do Horizonte,

estaremos defronte
e sem nos perceber
iremos nos conhecer,
cruzaremos a Ponte

e juntos, doutro lado,
não haverá tal cuidado
em levantar nossa voz,

mataremos no beijo
esse duplo Desejo —
essa Tensão entre nós...

20.9.25

livre arbítrio

não se escolhe nascer;
você nasce — e pronto
se declara o confronto,
se pretende viver...

não se escolhe pensar;
você pensa — tá feito,
já ficou sob efeito,
não se pode parar.

não se escolhe sentir;
quando viu — quer sorrir,
quer fluir e cantar.

não se escolhe querer,
e no mais — vai saber
quem se escolhe amar?