8/03/2025

soneto

outro soneto? 
                        não sei,
                                      tem sido falho...
obsoleto?
        pensei,
              e me atrapalho...
              
outro soneto 
                       te dei,
           que       
                  me e s mi ga l     h     o.     .           .

me apaixonei?
                        dancei —
                                    que do caralho!

6 comentários:

Ana Tapadas disse...

Que poema excelente!
Entre a poesia visual e as transgressões formais de Ana Luísa Amaral:

Soneto científico a fingir
Dar o mote ao amor. Glosar o tema

tantas vezes que assuste o pensamento.

Se for antigo, seja. Mas é belo

e como a arte: nem útil nem moral.



Que me interessa que seja por soneto

em vez de verso ou linha devastada?

O soneto é antigo? Pois que seja:

também o mundo é e ainda existe.



Só não vejo vantagens pela rima.

Dir-me-ão que é limite: deixa ser.

Se me dobro demais por ser mulher

(esta rimou, mas foi só por acaso)



Se me dobro demais, dizia eu,

não consigo falar-me como devo,

ou seja, na mentira que é o verso,

ou seja, na mentira do que mostro.



E se é soneto coxo, não faz mal.

E se não tem tercetos, paciência:

dar o mote ao amor, glosar o tema,

e depois desviar. Isso é ciência!



Ana Luísa Amaral, E muitos os caminhos, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1995, p. 35.

Beijo

Davi Machado disse...

Que poema magnífico trouxeste, Ana. O soneto é uma de minhas paixões, e como tal, está livre para ser tudo e em toda natureza.
Beijo

Álvaro Pontes disse...

A poesia assume a forma que ela quer. Nos cabe fotografar.
Boa semana, amigo Davi.

Álvaro Pontes

Davi Machado disse...

Extrato, Álvaro. Boa semana também.

Anna Lucia P Gadelha disse...

Maravilha! Encantada! Bravíssimo!

Davi Machado disse...

Olá, Anna Lúcia, este servo lhe agradece humildemente.