Chegou meu Cruz e Sousa de tardinha...



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Chegou meu Cruz e Sousa de tardinha, 
não morto num vagão de tosco cargo, 
mas sim de motoboy, pra meu descargo, 
na mata que me escondo, tranquilinha... 

Lá foi... ficando eu, o livro e a minha
rudeza de animal queixudo e largo, 
talvez um ticos alto de letargo, 
mas sem bandeira dar do que obtinha... 

E o Cruz me olhando pávido na capa, 
sem me entender da uva, nem do vinho, 
mal sabe que comigo se esfarrapa

um outro livro seu, mas não sozinho, 
que os trago doutros tempos à socapa 
em pilhas numa estante em desalinho... 

Carta VI



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Há qualquer coisa de abrupta e cortante. (Uma preguiça de rabiscar, descrever... Vamos lá, vamos! ) 
Tem esse clima de asfixia, de bateria 5%. Eu, que já reconhecia nas nuvens o alarde do trovão, acabo atingido facilmente, turvado na tempestade que estronda entre nós, maldizendo cada vez mais o lugar onde minhas mãos não satisfazem. (Isso não ficou tão bom, né? Foi o melhor que pude conseguir, me deixa!...) 
É um luxo esse prazer da ausência, chego a sentir os lábios trêmulos pensando no teu gosto de lichia. (Olha, lichia é uma fruta romântica sim!) 
Posso dizer o que eu quiser, que no mundo em que estamos inseridos os poetas são estrangeiros longínquos. (Egocêntrico? Prove que não!) 
Então, por que você não me traduz? (Embora eu escreva na tua língua, isso de traduzir é bonitinho, vai, tipo entender o idioma dos anjos, metáfora pobre, mas eficaz. Estou longe de um anjo, talvez djinn, não sei, não tenho ascendência árabe, queria ser filisteu, mas nasci em Judá, Saul curtia meus sonetos e solos pinkfloydeanos de harpa... ) 
Há tanta certeza no amor. Pena que não sabes, meu caju, o quanto a vida pode ser cínica, cruel e cara. (Ai, que má, que má!) 
Se nossos lábios se encontrarem, se as estrelas se alinharem, se os deuses de outrora viessem nos saudar, se apenas houvesse uma chance, tudo ruiria desastroso -  castelos de areia, pilhas de pedras, represas frágeis, pontes cariocas, barros nas encostas em janeiro...
(...) 

O amor, minha lacáride míope, é o vulgo do tempo. 
(Uma puta dor de cabeça, cadê Dipirona?...) 
Espero retorno. 
Do teu aluado Don Quixote de la Ganja. 

ouroboros blackfriday



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stay woke
t-shirt: preta, azul, branca, bege
390,90

the rainbow cult
boné: multicor 
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che in cannabis camp
t-shirt: verde, bege
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candelaria boys
tênis: vermelho, preto 
19,90

Stims XIV



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Posiciona-se intrusivo, velhaco, urticante, cínico,
estrategicamente nas quinas etéreas
onde me cai todo nexo, 

esse susto, esse sopro, esse topo, esse tapa
que derruba o número oito 
recurvando o som do sentido. 

Stims XIII



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Mimético inveterado, 
imito aquilo me apraz
ou seja; um doido dado
àquilo que um doido faz, 

por esse meu repeteco 
que rapto, que confisco, 
que desdo australopiteco 
arranho parede e disco... 

O sexo dos anjos



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– Então você cresceu no Azul... 
– E você na Bêra do Rio, mas não é cria...
– Não sou? Cê tá de brincadeira... 
Os dois se olham fixamente. 
– Se liga, quando tinha operação era na porta de casa,  jogavam granada e tudo... 
– Tá, na Bêra eu via os traçantes passando na janela, morava no quinto andar... 
– No Azul tentavam esconder arma na lage, minha mãe discutia com os Meninos: "Olha minha filha aí, aqui não!" 
– Na Bêra, quando deviam na boca, eles amarravam cada mão num cavalo e arrastavam até o Pontilhão... 
– E lá em cima no Azul picavam, era um serrote cego, botavam num carrinho de mão... 
– É mesmo? Pois, se chegavam vivos no Pontilhão, enfiavam dentro de uns pneus e tocavam fogo, bem na travessia para o Brizolão! 
– Mas quando matavam o chefe do morro, arrancavam a cabeça lá encima, na Glória, e saiam desfilando com a cabeça, acho que o último lugar que via era na Bêra... 
– Impossível! Para de caô! 
Os dois se olham e dão de ombros. 
– Hoje esses Meninos não são de nada, não respeitam ninguém... 
– Concordo, época boa já foi, a do Lambari! 
– Lambari? O Vado foi muito melhor!... 
Entardece em nuvens pesadas de chumbo lentamente, 
que logo logo chove. 

clickbait reverse



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aprofunda-se o pensamento em massa
na rede neural multimidia 
e vão descarrilados ao pico 
e saltam enquanto os risos silenciam 
antes dos baques cheios na rocha

a literatura está em choque 
e o que você faz? 

boca a boca ( ) 
massagem cardíaca ( )
liga pra samu ( )
escreve qualquer coisa ( )
nada ( )

pensamenta-se o neurónio videomaker
da rede que balança a massa
pica a veia um trem desgovernado 
que o silêncio chora por que pensa 
rachado em baque golpeado na fala

¿a eletrocutagem táes me letra 
                       faz vo cê o e que ^

Do retorno do inverno



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As estrelas no azul do vão, que antes luziam, 
e que naturalmente se estrelavam, 
nos filtros deste olhar que vem comigo 
retremem pelo breu, crucificadas, 
se por um lado luz, mesmo defuntas, 
feito ecos das imagens que viajam, 
têm outro lado cruz, embora vivas
nas mudas seduções que vão no espaço. 

Bem, considera-se maduro aquele que sabe
que há sempre mais caminho aos pés cansados, 
então reconsidere teu preparo 
e trate de enfiar-se num casaco, 
que a Noite vem dar palco às Moiras
e destelhar o escalpo dos telhados, 
que a noite vem sentar no avarandado
pra ver do baile angústias torvelinhos... 

para compras de domingo



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feijão
arroz ou macarrão
açúcar
milho para pipoca

café 
leite 
margarina 
se macarrão 
queijo 
se arroz 
iogurte

cebola
pimentão 
cenoura 
batata ou inhame 
se batata 
inglesa ou doce 
couve ou brócolis 
se couve
proteína de porco 
se brócolis 
proteína de frango 

banana da terra
manga tommy 
fruta do conde 

páprica defumada, picante e comum 
alho 
pimenta e cominho 
canela
cheiro verde
coentro 

água sanitária 
desinfetante neutro
sabão em pó 

chocolate
nuts! 

Carta V



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Olá, pessoa. Escrevo-te outra vez desta alcova craniana de fumo. Reflexivo, fico a remoer o sentido da tua bondade. Não sabes, mas és inexistente! Mesmo propícia ao toque, és a composição provável da persona que se evadiu dos meus imaturos contos angelicais, te confiro a forma, depois o sopro e por fim te imponho a lei proibitiva, logo mais voltarei com a punição do trabalho, que fará cair o caldo de sal do teu rosto, (embora valorize os fins de semana). Vem, me ame, me invente, filosofie e me mate! 

Acompanho daqui os feitos sublimes do teu intelecto. Que bênçãos tuas mãos, quando, disforme, meu corpo contorcia cada músculo teu, quando era meu prazer não circunscrito tua cabeça em moldes diversificados e a embrionária culpa que te servi no colostro místico, dei-lhe todo o vazio do espaço, como mamaste! 
Que produtivas tuas mãos. Quando o desejo de romper com a ordem levantava a primeira horda de poetas cadáveres e elusivos, viciados em haxixe, ópio, álcool, nicotina, likes, palmas, miséria, dores falsas, sarjetas, flores malignas, liras, cuícas, pó, tuberculoses e fomes, todo meu catálogo de viagens lhe foi oferecido e outras coisas mais, pois a blasfêmia é nada. O convite para dança macabra, o contágio da música, dos rebolos em fodas vagas, das novas maresias corrosivas, dos simulacros da gênese, pinceladas fugazes, tilintar de esculturas do oriente ao ocidente revelavam as maravilhas sublimes do teu estro ou chico, os covens ebulidos... Eu que pari a dança, me arrisco? Não tenho ritmo, iancurtizado, estremelico vergonhosamente. 

Nunca poderás me perdoar, me acredito. Sonhar-te real sob a abóbada celeste é dolorido. Tu, prenhe do que me foi negado, não compreendes quão grave é a maldição desse meu estado divino e grotesco, quero o bom aroma do teu sacrifício, estou esquálido, apático, deprimido, chué... 
O quanto ainda pretendo lamentar, enquanto a vida derrama sobre lábios preteridos o bálsamo ideal dos sonhos? 

Rendei graças, dê notícias, faça milagres, mande um zap!
Aqui da várzea de lágrimas, dos teus em um. 

VIII A Bruxa



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Na cópula sem núpcias retesa 
os lábios que, transversos, eletrizam
a cisma em namorar a flor dos homens,
outrora desprovidos brutos fálicos... 

Na transa Samyasa fez-se símio, 
mordendo-te da aréola o castanhado, 
naquele instante flébil um felino 
no dorso dos teus pés, domesticado... 

E tu, marcada a dente, forasteira
em tempos de imbecis, de partidários, 
gestante virgem túmida dos céus

às vésperas da dor, do rito augusto
que a apoteose pélvica borbulha, 
que rasga e escorre em lava o Nephilim...

O Movimento contra Ozomi



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Soltaram fogos como alerta
numa tardinha de quinta-feira
e os Meninos do Movimento
com suas armas, com seus reflexos, 
correram becos, abandonaram
seus chinelos, seus postos, suas bancas, 
para responder à altura, 
porque lá vem Ozomi... 

E Ozomi com suas armas, 
com suas fardas, com suas contas, 
com seus salários, suas famílias, 
com suas ordens, seus deveres, 
com continências, suas amantes, 
com seus pecados chegam no susto,
sem marcar a hora
da morte. 

Sempre cai mais dos Meninos, 
sempre cai mais dessa cor, 
sempre cai que nem biscoito,
se perdem um vem dezoito...

Depois da onda voltam pra casa, 
tanto Ozomi como os Meninos, 
comem seus pratos, suas mulheres, 
pedem a bença pros seus padrinhos, 
vão ao terreiro, vão à igreja, 
dormem cabreiros, na contenção
e quando acordam tomam seus postos,
com suas armas, suas rotinas 
e jamais marcam a hora
da morte.

doomscroling



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– abro a aba, bocejo... 

garis encontram recém-nascido:
"o choro foi o guia em meio aos sacos pretos" 

mais uma vez o dólar em alta mobiliza as nações opositoras em ascenção... 

no Rio, o tráfico de drogas... 
homem é morto em frente ao Salgado Filho...

sua chance de render um bom dinheiro,
são 100 créditos bônus no início, pura adrenalina... 

– meus olhos ardem, o tempo infecta, lá fora a ventania corre, não, cavalga, ouço o crooner: 

"do the chairs in your parlor
seem empty and bare, 
do you gaze at your doorstep
and picture me there..." 

bebês reborn são o hype da semana... 
pastores mirins e seus absurdos, veja no que deu... 

humorista é preso por piadas estúpidas, 
suas redes sociais batem recordes de acesso...

– digito: top 10 filmes sobre poesia. 
(carregando) 

notas para "algo ritmos"



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versos programados em vidmac
desinstagramáveis
suprimir emoções
emular sensações
simbolismo contemporâneo(?) 
propor o sentimento da máquina 
agir como máquina (laboratório mecânico?) 
ser feito coisa
isto este aquilo
emular emoções 
suprimir sensações 
flow e não fluxo 
uso de caixa baixa predominante 
computar-se 
explorar-se em terminologias contemporâneas 
jargões de Internet 
provocações ambíguas + metalinguísticas
não obter resultados estatísticos 
prompt minimalista 
interface opositora 

9 de Junho



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É véspera da morte, rememora
a pátria que pariste, Vate Caolho,
prepara algum lençol e põe de molho
nas lágrimas da Tágide que chora;

que inveja dessa gente que decora
a música que molha a tez do abrolho, 
por onde compuseste teu refolho
ao mar que n'alma fere a dor da aurora,

reclamo a mim também essa orfandade
e o luto, que enferruja as línguas, há de
plangir da renascença assinalada 

o tom que vai contigo, moribundo,
e mesmo cá distante em novo mundo 
encontra ressonância desprezada!...

À Manicure



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Em teus ouvidos curam-se as carências
daquelas saturadas das cidades, 
curvando tua coluna, em penitências, 
recontas pelos dedos as idades

que marcam teus horários nas urgências
do teu convento móvel, soledades
que atendes cutilando confidências
distintas, mas iguais em densidades... 

Das cores? Vinte telas que matizas, 
não sem antes moldar em formas lisas;
quadradas, curvilíneas, estiletos 

da prática de antigas outras monjas, 
que herdaste, merecidas as lisonjas
que tingem os teus lindos olhos pretos! 

Carta IV



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Evite o tédio. Não me leia. Do hematoma daquele pecado faça uma peça, tela a óleo imitando teu favorito pintor, a arte imita a morte, me eternize assim, vestido de bobo, pro diabo! Dê-me teu beijo, minha sativa! Não lhe suporto ver em meus poemas, eles contigo no ninho, dormentes filhinhos! Tu que os acolhe em teu cheiro, ai, se as deidades da Mesopotâmia conhecessem teu hálito – que epopeias, que Gilgameshs seriam heróis de novas HQs de vanguarda, de França, do Japão! Minha secreta Incal! 
Deixe a lembrança para o depois. Soa estúpido isso? Que tal: "um murro é pior que um soco, um soco não tem brilho", te parece aceitável, sofisticado, jazz? 
Eu não barganho com isso de foco, reflexão, carinho, antes de ti eu já era o que sou e pelo que somos fundamos a ponte, atravessemos!
Evite o asco, ler é para os maus, apenas dance. Faça-me ídolo antes que desça o Moisés e suas tábuas da lei e seus chifres, guarde o maná, ignore a ordem soberana de Javé, mas não me leia, não me aponte, não traduza, não invente me procurar em mim por eu mesmo. 
Sim, cogite a troca! Forje o insulto! Tudo é vogal e consoante rodopiando na probabilidade do concurso universal... Sopa primordial de letrinhas! 

Pé no chão, não é? Que vale um punhado de verso?
Ninguém troca café ou pão por redondilhas, ninguém mastiga a camurça dos meus grumos esotéricos. Ah, que eu tramo contra mim, quero dar o golpe, terrorismo! Abaixo o poeta tirano, cocem feridas com cacos de telha, raspem bigode, vistam-me de penas e me afoguem no vinho, garantirei a apoteose, a catarse, sobreviverei culpado antes que me acusem! 
Tem a consulta, diagnóstico, tem a overdose de amor dos girassóis ansiolíticos em vórtice. Será que isso aqui é verdade? Sempre há a probabilidade de ser um caramujo revirando restos na xepa, enquanto passas com tua camisa de Akira, enquanto ouves teus Beatles de merda ou defendes o Araçá Azul, enquanto fazes cosplay de Beatriz ou de Macbeth, linda com seu óculos! Que óculos! Não, sei que não existes! 

Vem, ora comigo! Ajoelhemos de mãos postas, entraremos em comunhão com Kali. É o êxtase! 

Agora Inês é morta



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É tarde, do cajueiro a sombra dorme
deitada ao longo córrego da mágoa
que traz nos seus soluços, que se enxágua
na espuma cintilante pluriforme ... 

Rancor! Um rasgo púrpura na espádua
nos dilacera vago e desconforme - 
distinta larva rubra e liquiforme
que freme, que se infiltra forte e fátua

e rememora fundo, cava, desce
aos círculos sinistros e acontece, 
prolífera e ranúncula e urbígena

ramificada em músculos repulsa, 
se expele perfumosa e reconvulsa 
orgásmica, perene, polacígena! 

Ramal Roxo



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Ao lado da craveira dos trilhos
temos nossos barracos
e dentro: cabeças de peixes
nas mãos de nossas viúvas, 
os lenços gordurados 
fazem nós nos cabelos cinza, 
restritos de luz solar, 
contidos... 
Nos domingos de canela de fogo, 
justos e eleitos
evangelizam pelos becos 
das nossas satânicas dores
para Aquele que carece das primícias
dos nossos centavos sujos, 
noutro descarrego
expulsam nossos ancestrais, 
pisam, dão bicos nos utensílios
da nossa memória... 
Ambicionam
os seus restos de tábuas de construção,
seus restos de outdoor e placas de trânsito, 
seus restos do que sobramos, 
tão nossos... 
esses que levantam nossa austera Jericó, 
que dela chora o Josué
com sua trombeta cega, cínica, 
nela ajoelha e silencia
antecedendo o gemido gutural 
que implode seu Verbo
impotente e desbenigno
por contemplar nossa face real.

80 plus vs cybenetics



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pesquisa de fontes custo benefício 

garantia extensa

quando o fabricante tem confiança em seu projeto ele fornece mais de um ano de garantia

é notável a manipulação do sistema de selo 80 plus 
fabricantes podem usar plataformas diferentes e projetos diferentes dos que foram apresentados para o selo 80 plus com o intuito de baratear o produto
pois não há fiscalização do mesmo
problema esse resolvido com a abordagem clara do selo cybenetics
que fornece a lista completa de todos os componentes de um projeto de fonte certificado
impossibilitando a mudança 
sem que haja atualização da lista

amperagem como fator de qualidade

potência (W) = corrente (A) . tensão (V)


exemplo - 850w = 70,8A . 12V
 
Opções de projetos         *selo cybenetics 
 
nome                    volts          sc*          R$      loja

p550b gigabite    550w        bronze     359     magalu

xpg pylon            650w        silver       349     magalu

Manual do Minotauro



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E esse blogue de tiras da Laerte? 
que achado, nele tudo é bem servido... 
a novidade hermética que aperte 
o seu tronxo bolado bem lambido!

Transvó! Certa a poesia que te converte 
nesse teu traço tão desentupido, 
que do ácido me ferve teu "desperte" 
da droga que me faz ser comprimido. 

Eu não sei se ela tá careta agora, 
tanto faz qualé a fuga que vigora, 
só preciso escrever mais uma estrofe... 

E que mulher, que artista, que gogó! 
nem Moebios Madureira, seu xodó,
deixou tão belo e vasto estrogonofe! 

CEP 20785-080



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Passei dos 16 aos 22
por alguns números
na rua Álvares de Azevedo, 
da fábrica Chinezinho, 
da casa de minha tia Jô 
e do meu amor morena, 
da travessia para a escola Rio de Janeiro 
para o postinho da Xuxa... 

Naquela época era impossível 
compreender minha própria lira. 

Na aula de literatura brasileira 
sobre o Mal do Século, 
no presídio-escola Delfim Moreira, 
percebi que eu era aquela rua
e decidi assim rotular meu verso 
por falta da concepção de estética, 
encantado com a tragédia do nome 
daquela rua, daquele poeta 
que eu queria ser, que já era, 
também eu tinha tanta tragédia... 

Naquela época só era possível
compreender minha própria ira. 

Avulsos Atípicos VIII



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I

Abstraio longamente os instantes com minha raquete eletrônica, 
produzindo estalidos faiscantes da mosca mais antagônica. 

II

Carma ruim. Voltarei mosca
e não haverá mais sopa
para meu esporte olímpico... 

Outra ideia tem sido uma fosca
rima aberrante que tropa
num dobro de passo cínico...

III

O SUS é tipo um cassino, 
que acaso a casa se distraia, 
nós conseguimos destino 
com os outros da nossa laia. 

IV

Ai, que me consterna um odor, 
se aquele me tange à memória, 
e chapo aboletado na cor, 
se dela confesso uma história... 

V

Uma semana antes viro helminto 
trançado num casulo biliar, 
na espera infernal que pressinto 
que algo inda vai me chegar. 

Me ferve do estômago o domo, 
não há Sonrisal que combata
com força essa ânsia que como, 
que não me abandona, nem mata. 

VI

Noutra das minhas vidas 
onde um gerente da Adidas 
me julgava para o tronco, 

gestei da dúvida, em suma, 
se ir com meu grunge Puma
dava ares de ser bronco, 

foi prodígio de surpresa
que ninguém naquela mesa
perguntasse sobre a afronta, 

que fingi por simpatia 
que meu tênis nem sabia 
da piada quase pronta. 

VII

Queria nascer, simplesmente, 
e não me entender por nascido, 
trocar o arcabouço da mente 
por qualquer lodaçal curtido,

caçar na savana ou na neve, 
ter prole, um ninho, uma toca
e nunca reter nem de leve
mais nada que verba e provoca...