Partícula



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Minha alma é todo
esse vilipêndio,
dentro em instantes:
Incêndio!


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Agora um par de centavos
que espremes tranquilamente

Dois olhos pouca bosta
cor de água suja

Agora um par de qualquer coisa
rolando ladeira abaixo

Dois olhos engavetados
impostos e metidos

 

As irmãs do mal



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Maria Esfaqueia -
olhos fundos vampirescos,
janelas para o jardim,
Jardim de Arabescos...

Sensualíssima boca aberta
que morde para dentro, vilã
viúva negra e deserta
triste manhã...

Margarida Estripa,
mãos libidinosas mariposas,
coxas esquálidas, pálidas...
peitos de isopor...

Súcubo em primavera,
afluente e furor
de dependência química,
reincidência brutal e cínica.



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A minha alma serena, 
é uma noite de agosto... 

e de manhã, no amarelo, 
vou vingar orvalho...

Ilustração infantil dos anos 50



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Um sapo de fraque
bebendo conhaque.

Se essa rua...



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Aquela rua sem fones de ouvido é uma infinda sucessão de passos em preto e branco, mas lá uma vez ou outra se encontra um pássaro todo metido distribuindo pios a deus dará.

Fauna e flora



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Outro dia declarei ao meu amor:
"Eu te amo como a abelha ama a flor!"
Ela viu tanta beleza...
Eu vi tanta natureza...

Mas, Inocência,
se ela tivesse ciência
deste universo frágil
descobriria meu plágio...


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Silêncio interno.
Outono estende sua cama de palha...