I
Abstraio longamente os instantes com minha raquete eletrônica,
produzindo estalidos faiscantes da mosca mais antagônica.
II
Carma ruim. Voltarei mosca
e não haverá mais sopa
para meu esporte olímpico...
Outra ideia tem sido uma fosca
rima aberrante que tropa
num dobro de passo cínico...
III
O SUS é tipo um cassino,
que acaso a casa se distraia,
nós conseguimos destino
com os outros da nossa laia.
IV
Ai, que me consterna um odor,
se aquele me tange à memória,
e chapo aboletado na cor,
se dela confesso uma história...
V
Uma semana antes viro helminto
trançado num casulo biliar,
na espera infernal que pressinto
que algo inda vai me chegar.
Me ferve do estômago o domo,
não há Sonrisal que combata
com força essa ânsia que como,
que não me abandona, nem mata.
VI
Noutra das minhas vidas
onde um gerente da Adidas
me julgava para o tronco,
gestei da dúvida, em suma,
se ir com meu grunge Puma
dava ares de ser bronco,
foi prodígio de surpresa
que ninguém naquela mesa
perguntasse sobre a afronta,
que fingi por simpatia
que meu tênis nem sabia
da piada quase pronta.
VII
Queria nascer, simplesmente,
e não me entender por nascido,
trocar o arcabouço da mente
por qualquer lodaçal curtido,
caçar na savana ou na neve,
ter prole, um ninho, uma toca
e nunca reter nem de leve
mais nada que verba e provoca...