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Do retorno do inverno



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As estrelas no azul do vão, que antes luziam, 
e que naturalmente se estrelavam, 
nos filtros deste olhar que vem comigo 
retremem pelo breu, crucificadas, 
se por um lado luz, mesmo defuntas, 
feito ecos das imagens que viajam, 
têm outro lado cruz, embora vivas
nas mudas seduções que vão no espaço. 

Bem, considera-se maduro aquele que sabe
que há sempre mais caminho aos pés cansados, 
então reconsidere teu preparo 
e trate de enfiar-se num casaco, 
que a Noite vem dar palco às Moiras
e destelhar o escalpo dos telhados, 
que a noite vem sentar no avarandado
pra ver do baile angústias torvelinhos... 

Que rufem os tambores!



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Ora, se não sou o astro em mim,
afogado em mim,
intraduzível?!

Logo aquieto
as minhas intenções sublimes.
Nada em mim é sublime
e o que desprezo
é análogo à minha condição...

Ai, a vaidade da autodestruição!

Uma fração qualquer -
nem poeira cósmica,
nem barro edênico.
Em mim somente a consciência
me separa da selvageria estúpida,
mas não me livra
da estupidez de mentir,
porque sou selvageria estúpida.

Ora, se não sou o mais paupérrimo
dos lerdos, dos idiotas, crendo-me raro
entre enjeitados,
em meu cubículo mental?

Ai, que pedestal!...

Enquanto isso - Eis o sol
a estender suas fitas douradas
para a festa do verde idílico,
dos faunos e das ninfas,
e os deuses estruturais são saudados
para um novo ciclo de dor e de sorrisos,
dentro da Terra dos seresinhos "conscientes",
A Terra - esse cristal de areia
no segundo relativo
da ampulheta do Verbo.

Dia Útil



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I 6:00

Os observo do meu covil,
busco capturar o sentido
do que se propõe traduzível  
apenas sendo, como se bastasse
um gole de expresso
para o apontamento conclusivo.

Quanta similaridade física!
Nada mais... Há partilha no bando
e suas intenções são claras,
por mais medíocres que possam parecer.

Então balanço minha pedra afiada
forçando meu corpo ereto,
sobre a savana imponente caminho,
consciente, atônito e primitivo
bato meu cartão.

II 18:30

Nunca estarei entre meus pares.
Isso posto, invisto em reflexões
que mais ecos do que nunca
me trazem...

Nunca estarei entre meus pares.
Ao nascerem, meu corpo e consciência,
destituídos de ferramentas comuns,
apenas emulam a normalidade típica
dos típicos.

Nunca estarei entre meus pares!
Observe que nossa característica intrínseca
nos compõe solitários e tortos,
como, por deus, iríamos nos agrupar
contrariando nossos níveis de desinteresse
no que é o outro? No que faz o outro.
E é assim por acaso?

Nunca estarei entre meus pares?
Que presunção chocha, galopante
feito um soluço demente
resvalando sarjeta,
lambendo rastros de lama
golpista!...

Nunca estarei entre os meus pares...

Atípico



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De repente é tarde.
Desenho olhos confortáveis
psicografando temores sociais 
sobre a folha, sobre o tempo...

O café amargo só faz sentido 
quando a vida é doce.
Eu tento adivinhar padrões 
na irregularidade dos sentidos,

sempre mantive cativa
a analogia de que as pessoas 
são particularmente tão complexas 
quanto um universo.

Eu não entendo o universo.

Cansado de estar cansado de estar...



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Deveria eu silenciar
e ainda mais;
descendo até o íntimo Sheol
para me reencontrar
e esse eu que deveria ser
vir para a luz comigo,
altivo e desconcertante,

mas cada vez que abro a boca
é um declínio, uma miséria,
e já tão fundos
corriqueiros, meio mé, e meio
que cansa a autopiedade,
então deveria eu silenciar

como a pedra da cachoeira
rachada de água gélida,
como o ninho do pardal
ou algo mais bucólico
que me proponha a fuga
daqui.

Calado



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Há muito que eu tomo
o mais grave e lúcido cuidado...
Há muito que tudo me ensina
a permanecer calado...

Autossabotagem



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Mediano. Nada incomum.
Insisto na praga e a prova
que busco, farto de mim, 
e nada mais me renova...

Despendo e inspiro e flexiono...
– Será que inda não me aprendi?
– Será que inda não me enfrentei?
– Será que não me arrependi?

Que mal, Davi, mas que ruim!
A sentença é prepotente,
sem recurso, sem defesa,
violenta e simplesmente

me atravessa nesse fosso
perfurando todo um dano...
Sempre um autossabotado
afeito a mais desengano.