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03 maio 2025

Vocal

Cavernas dentro propaga
hereditária, constante 
a onda que vibra da saga 
a melodia consonante... 

Corpo dos timbres, vestígio 
do choro novo, da clara
tensão vital que o prestígio 
da dor nos toma e declara

escrito o senso que lavra,
nomeia, colore e indica, 
que dá-se em toda palavra 
dotada do que comunica. 

02 maio 2025

Bateria

Sincopado 
dedicado 
para te prender, 

baque inchado 
represado, 
bruto de poder, 

velho atrito, 
rito e mito 
puto de bater, 

infinito 
torque aflito 
rubro de verter, 

gordo murro, 
nojo e curro;
crime de prazer, 

débil urro, 
cuspe surro;
tiro de render, 

do arremate 
transe e abate, 
fome de foder, 

do combate 
que retrate
parte do viver, 

primitivo 
golpe vivo 
farto de conter, 

recursivo
compulsivo
riso de sofrer, 

tribal dúbio 
do subúrbio; 
ritmo de arder, 

interlúdio 
que o repúdio 
traz por responder, 

barbarismo, 
belicismo
pronto pra romper, 

paganismo, 
terrorismo 
todo de tremer, 

chaga prima
que se exprima, 
gozo despender 

que de cima 
nos redima 
para nos vencer. 

01 maio 2025

Baixo

O calibre grosso
do fundo do fosso, 
soturno esboço, 
betume do troço;

monótono fulo, 
vibrátil casulo, 
volátil adulo
que domo, que bulo;

do medo modorro 
degredo e esporro 
que monto, que morro, 
que surjo socorro;

tirano amigo
que firo, que digo
no fado que irrigo 
no nó do umbigo;

dobrado borrão 
do lábio do não
vingado e malsão 
amado irmão;

conciso no dom, 
afago do som, 
rebolo do tom 
que é vago, que é bom, 

que transo no avanço, 
não calo, não canso, 
abismo que danço 
metálico e manso;

translúcido torvo
que d'olho do corvo 
te trago e absorvo 
num túrbido sorvo, 

que mais reverbero, 
que pronto pondero
contínuo, prospero 
rosnando o que quero;

que pulso e trituro 
passado, futuro, 
silábico e duro
quadrúpede puro! 

30 abril 2025

Guitarra

A elétrica lira
meu tímpano morde, 
meu corpo transpira
na chama que atira
o teu longo acorde - 
Oh, Byron, milorde!

O gume do arpejo
das cordas de aço
despende um desejo, 
trafega o regaço
que fere o solfejo...

Ascende uma escala
quebrando cristais
e quando resvala
eu quero tocá-la 
como os imortais - 
Oh, meu Satanás! 

O tempo é torcido 
no turvo bemol 
ou num sustenido
pendura um anzol 
que arrasta o sentido... 

Propaga-se a luz, 
inverte-se a cruz
que te reproduz
humana, blasfema
no sonho de Dante 
o horror dissonante 
que vem semelhante 
ao som do poema, 

eriçam-se os pelos 
e os dedos vão pelos
os mistos apelos 
dos trastes, das casas
compostas no solo, 
erguidas do solo 
do templo de Apolo - 
seis cordas, seis asas!