A elétrica lira
meu tímpano morde,
meu corpo transpira
na chama que atira
o teu longo acorde -
Oh, Byron, milorde!
O gume do arpejo
das cordas de aço
despende um desejo,
trafega o regaço
que fere o solfejo...
Ascende uma escala
quebrando cristais
e quando resvala
eu quero tocá-la
como os imortais -
Oh, meu Satanás!
O tempo é torcido
no turvo bemol
ou num sustenido
pendura um anzol
que arrasta o sentido...
Propaga-se a luz,
inverte-se a cruz
que te reproduz
humana, blasfema
no sonho de Dante
o horror dissonante
que vem semelhante
ao som do poema,
eriçam-se os pelos
e os dedos vão pelos
os mistos apelos
dos trastes, das casas
compostas no solo,
erguidas do solo
do templo de Apolo -
seis cordas, seis asas!
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