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08 agosto 2025

III

Entra, Noite! Se foi da casa a luz,
as sombras trocam beijos e insultos
nas cantos invertidos pela cruz,
de gozo por satânicos ocultos.

Espalha-me no piche, no naquim —
truncados os meus braços nós de pinho,
essências de lembranças carmesim
que traz-me no tropel de um torvelinho.

E que prazer dorido a fome canta
mordendo-me na língua em tom tão grave,
tão grave quanto o peito de uma santa
que nunca fora aberto pela chave...

E a Noite, toda em renda, flutuante,
dos círculos de brisa deletéria,
emerge rebordosa e cintilante 
e cobre-me com toda antimatéria!

09 maio 2025

II

Cavalgando sobre a viração maldita, 
traz aos lábios fresco beijo, sutilmente
emulando um novo amor pra quem medita
deslumbrado, adocicado e adolescente...

Numa treva que entre as trevas é infinita, 
que consome tudo em fome de repente,
estendidas asas de abutre esquisita
que se banha só do sol indiferente...

Tal prazer da carne rasga seu tecido
coligindo o Graal que nunca foi perdido, 
sem matizes, na constância contumaz, 

mas acende sempre o incenso indefinido 
nesse altar deteriorado e desbenzido 
que do corpo se desgraça e se desfaz...

03 abril 2025

Das Noites I

Imoral desnuda-se e não difere
a própria persona - quase pessoa
que a dos seus pais nega, porém ressoa
no trejeito o timbre que se transfere. 

Diz verdades castas a quem se fere 
da simplicidade, seja má ou boa, 
nunca indiferente, mesmo que doa,
admira cruel, o que lhe confere

memória da infância, incandescência
antes da invasão que rompe a consciência
e dá vida a si, no meio da sinapse

perde-se no quando que é onisciente, 
longe da dor real que tudo ressente, 
start de explosão que escurece no ápice...