Mostrando postagens com marcador Avulsos Pós-Punk. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Avulsos Pós-Punk. Mostrar todas as postagens

Avulsos Pós-Punk X



0 commentaria
I

Decido pela antipoesia
em primeira pessoa do singular...
o que me torna indivíduo?
é saber quando agir, quando parar...

II

Sonhei tossir sangue
prevendo minha altura, 
vencido pela vaidade 
de ser mais um em literatura, 

mas nada, é pigarro 
e não tuberculose, 
restou um só recurso - 
morrer de overdose!... 

III

O que a sensibilidade 
tem a ver com padrões fonéticos? 
O que me torna indivíduo 
é crer que embora hipotéticos 

meus delírios de grandeza 
são sintomas da mais pura
distorção da realidade
e talvez literatura... 

IV

Entrei para o sindicato
como Sísifo aprendiz! 
Vou rolar minha pedrinha - 
tudo que sempre quis... 

V

Decido pela subpoesia 
dos canos fumacentos oxidados, 
das crises de pânico entre baldeações, 
das fases, dos lutos, dos cansados... 

Avulsos Pós-Punk IX



0 commentaria
I

Os sorrisos que se dissolvem 
nas bocas murchas
dessas velhas roucas de Marlboro - 
primos distantes 
dos risos das prostitutas 
grávidas do seu próprio choro...

II

Cinza e pó 
o resto é o nada... 
a negação
da salvação 
na encruzilhada... 

Coro de anjos - 
sinos plangentes! 
a revolução 
é a compulsão
dos impacientes... 

III

Às vezes, quando por acaso
encontro os seus olhos irmãos,
apaixonadamente assustado
escondo meu rosto com as mãos...

IV

O teu presente... qual!?
Serás o estopim dos meus sorrisos,
uma onda, um frenesi total
que abrange os meus 32 motivos...

VI

Às vezes, por uma estranha mágica,
quando me deito no Jardim do Oposto
acabo cobrindo minha saudável máscara
com o meu doente verdadeiro rosto...

VII

Beber detergente e bocejar 
de universos esferas translúcidas
para a liberdade planar 
e morrer nas esquinas efêmeras... 

Avulsos Pós-Punk VIII



0 commentaria
I

Nem as meninas de óculos
curtem meninos de óculos...

É o cúmulo!

II

As redes sociais 
capturam peixes, eu incluso, 
que, orgulhosos de suas escamas 
reproduzem brilhantes peixografias 
de seus sucessos de nado(a), 
quanto mais valorizam 
seu recife de corais,
mais iguais... mais iguais...
no abissal da cadeia alimentar. 

III

Olha
meu poema tardio
que nos sugere suicídio,
mas eu não vou...
minha mesa de livros
nessa bagunça organizadamente 
planejada...
minha canção do momento 
oportuno,
minha paisagem capturada
nos cafés meia luz meia foda...
Olha 
meu poema novo
cheio de referências difíceis 
onde preencho o vazio
deixado pelos meus pais... 

IV

Pensei em compor um poema
somente de emoticons...
Eu seria pioneiro 
na vanguarda do emoticonismo
como o rei Salomão,
meu filho,
foi o pioneiro na arte da sedução 
em que o único argumento é ter grana. 

V

Sempre que te vejo
por essa janela do abismo
sinto um suave gotejo
do velho ultra romantismo...

VI VI VI

Porque os números romanos
emprestam um arzinho de classe,
são como amuletos da sorte...
como se Satã se importasse... 

Avulsos Pós-Punk VII



0 commentaria
I

Cruz e Sousa não me ouça,
não trema suas ossadas,
enquanto eu lavo a louça
compondo essas paradas...

II

O Caetano caga! 
O Caetano é praga,
o Caetano é rico, 
me faria de penico!

III

Onde queres sofia, sou revólver,
onde queres comida, sou o "não",
onde queres querer, passo vontade... 
onde queres o luxo, eu limpo o chão!

IV

Casimiro preso aos oito anos 
nos livros de português,
nunca vê crescer seu bigode... 
sem tuberculose dessa vez... 

Avulsos Pós-Punk VI



0 commentaria
I

Ame
e dê a cara a tapa, 
pois 
dar a cara a tapa
é dar a cara a tapa.

II

Perfeito nojo
julgador
desestrutura num beijo
furta-cor
do punho serrado
de qualquer um
que se atreve a viver
sendo incomum.

III

Pobre do pobre que nota
que não é feliz,
pobre do pobre que vota
nesse meu país!...

IV

Não sei, 
vovó Gilka Machado,
me tornei
o teu "Cristal Quebrado"?... 

Avulsos Pós-Punk V



0 commentaria
I

E falhei, 
cotovia - 
sequela! 

Expliquei
poesia 
para ela... 

II

Compassada
a chuva do nada
resvala no bueiro,
como os olhos meus
fazem lama, dão adeus
sobre o travesseiro.

III

Fui pego em cadernos
velhos de anos tantos, 
entregue aos eternos
soluços dos prantos...

IV

Maculado
o travesseiro
pela lama,
enquanto chove 
o dia inteiro 
na minha cama. 

Avulsos Pós-Punk IV



0 commentaria
I

O homem e a mulher
foram feitos para
o homem e a mulher - 
foram feitos?...

O homem é a mulher, 
tem seus trejeitos! 
A mulher é o homem, 
cadê os peitos?

II

E vamos lá, 
versos em sangue derramados, 
contendo o DNA 
de muitos versos passados. 

III

Tenho uma mágoa marginal 
dessas que cavam sem fim,
dessas que recusam o final... 
Deus, acredite em mim! 

Avulsos Pós-Punk III



0 commentaria
I

Ele criança amava e amava 
mês após mês, mês após mês... 
ele, feito homem, não dava? 
Não! Trabalha de seis às seis... 

II

Lá vem a depressão, 
lará... lerê... 
E estou na sua mão, 
mas você... 

Você é uma canção,
lerê... lará...
Meu duro coração, 
té quando durará?

III

Eu amo cantar da morte
seus sonetos outonais,
talvez algum dia - má sorte, 
ela me cobre os autorais...

IV

Se sou isso, 
aquele sou - 
se sou outro
um outro sou,

Se há mais "se" 
travo... Contudo, 
se não há "se"... 
(telefone mudo) 

V

Estranha tarde outonal aquela
onde o anjo que tudo me revela
veio visitar-me... 
E disse, mantendo a compostura, 
que a minha nova sepultura 
tá um charme! 


Avulsos Pós-Punk II



0 commentaria
I

Tem muita gente que
acha que o amor é...
muita gente que crê 
em gente demais, né?

II

Ele quer ser (risos) profundo. 
Ele tá lá. Cantando sozinho,
imita Deus fazendo o mundo,
que dó desse coitadinho!

III

Há tantas coisas para um poema:
ideia, tédio, paixão, vontade... 
Há nada mais para um poema? 
A vida não virou prioridade? 

IV

No Carnaval
passa o bloco, 
tudo está mal, 
desvia o foco! 

"No Rio de Janeiro
todas as meninas são putas... 
No Rio de Janeiro
todos os meninos são putas..." 

No Carnaval 
o bloco passou, 
o Rio tão mal
que vomitou... 

Avulsos Pós-Punk I



0 commentaria
I

A janela abre o poeta e nela
a cidade admira ele nu,
manda fazer outra capela, 
mas a prefeitura é um cu... 

II

Meu conselho é que fumes
se entendes de obter o que é lento,
do contrário vá de chicletes
e não tropeces no vento!

III

Homem que é homem:
ama outro não, 
nem ouve canto de cotovia, 
ama outra não, 
tá nem aí pra poesia... 
homem quer homem... 
homem só quer 
se automamar
e falar mal de mulher... 

IV

No Rio nunca pegue condução
para um destino indefinido, 
no Rio cada peixe não nada em vão 
sem levar o "telefone do bandido"...