I
Decido pela antipoesia
em primeira pessoa do singular...
o que me torna indivíduo?
é saber quando agir, quando parar...
II
Sonhei tossir sangue
prevendo minha altura,
vencido pela vaidade
de ser mais um em literatura,
mas nada, é pigarro
e não tuberculose,
restou um só recurso -
morrer de overdose!...
III
O que a sensibilidade
tem a ver com padrões fonéticos?
O que me torna indivíduo
é crer que embora hipotéticos
meus delírios de grandeza
são sintomas da mais pura
distorção da realidade
e talvez literatura...
IV
Entrei para o sindicato
como Sísifo aprendiz!
Vou rolar minha pedrinha -
tudo que sempre quis...
V
Decido pela subpoesia
dos canos fumacentos oxidados,
das crises de pânico entre baldeações,
das fases, dos lutos, dos cansados...