13 abril 2025

IV

Amor - porque sonhei demais contigo, 
que até corri o ridículo perigo 
de não cumprir talvez tua penitência, 
devota em minha torta obsolescência... 

Amor - porque te ergui feito jazigo - 
astuto obsessor que vem comigo, 
ditando a pulso firme a indecência 
de corromper a límpida consciência... 

Nesses sonhos, que já nasceram mortos, 
sou aquela a popular ondas nos portos, 
inchada de penúria e confissão... 

A indigna que aguarda e que evidente 
não crê por fé, nem deixa inconsciente 
a voz atroz da própria condição... 

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