Eu sou o toque que transmite o vírus,
teu corpo todo quero possuir,
pois é assim que eu sobrevivo,
eu só preciso me difundir,
no teu cabelo preto de nanquim
vou expandir o mapa do meu jogo,
quem sabe um dia chegarei ao fim?
quem sabe eu tenha que tentar de novo?
O meu discurso é persuasivo,
quem me despreza vai me conhecer
e cedo ou tarde será consumido
e de repente desaparecer...
Quem acredita ser superior
talvez não saiba o que é ser forte...
quem sabe eu tenha que usar a dor?
quem sabe eu tenha que causar a morte?
Se fatalmente eu te encontrar,
seja no ônibus ou no metrô,
basta um beijo pra te infectar
com o que penso ser o meu amor!
Porque a vida é mesmo assim - cruel.
E todo mundo finge que não sabe!
Porque ninguém quer mais olhar pro céu
pra descobrir o que é eternidade?...
E você pode me chamar de vírus,
a ignorância será meu prazer
quando teu corpo se tornar cativo
e quando a febre te fizer sofrer,
uma lembrança do seu grande amor
talvez te cure, talvez te conforte.
Quem sabe eu tenha que usar a dor,
Quem sabe eu tenha que causar a morte?
Quem sabe eu tenha que usar a dor,
Quem sabe eu tenha que causar a morte?
01 junho 2020
29 dezembro 2019
Voltei pro mar...
Voltei pro mar,
o céu fechou.
O desaguar
se aproximou,
Senti verter
da cor a luz,
quis me converter
e abraçar minha cruz.
E agora é questão de tempo.
Agora é questão de tempo...
Meu bem, será
que vai ser fatal?
O que se tornará
transcendental?
A tua voz?
O teu olhar?
Algo que entre nós
quer se libertar...
E agora é questão de tempo.
Agora é questão de tempo.
o céu fechou.
O desaguar
se aproximou,
Senti verter
da cor a luz,
quis me converter
e abraçar minha cruz.
E agora é questão de tempo.
Agora é questão de tempo...
Meu bem, será
que vai ser fatal?
O que se tornará
transcendental?
A tua voz?
O teu olhar?
Algo que entre nós
quer se libertar...
E agora é questão de tempo.
Agora é questão de tempo.
27 dezembro 2019
25 dezembro 2019
às vezes minha bem amada
quando eu digo aquelas coisas
como a história sobre nós dois
sermos dois prometidos do tempo
depois das tuas reações sofisticadas
tenho uma leve impressão de que você preferiria algo de origem canalhística
sem toda essa verborragia pontuada
erroneamente urdida e articulada
pos-romântica pos-modernista pos-bosta decadenciosa prepessimista
retrocesso de vanguarda
e chula fuleira feito mula e nula
que eu dissesse
dissolvendo em três palavras
quero-te-comer
assim mesmo no c(r)u
e em dois segundos já estivesse nu
quando eu digo aquelas coisas
como a história sobre nós dois
sermos dois prometidos do tempo
depois das tuas reações sofisticadas
tenho uma leve impressão de que você preferiria algo de origem canalhística
sem toda essa verborragia pontuada
erroneamente urdida e articulada
pos-romântica pos-modernista pos-bosta decadenciosa prepessimista
retrocesso de vanguarda
e chula fuleira feito mula e nula
que eu dissesse
dissolvendo em três palavras
quero-te-comer
assim mesmo no c(r)u
e em dois segundos já estivesse nu
23 dezembro 2019
Os Monges
Quem do pecado nunca foi culpado
não pode, enfim, aqui nos perceber.
Nós somos monges sob o sol pintado
num mal vitral que ninguém pode ver.
Nós somos monges - magros, esquisitos
que ninguém nota a palidez castanha
dos nossos olhos ternos, mas aflitos
num mal vitral duma capela estranha.
Que ninguém nota o nosso canto aguado
e o dedilhado atravessado insiste,
nós somos cegos sob o sol dourado
no transe eterno, só ele nos assiste
do dolorido ao desacreditado,
do envelhecido, espedaçado, triste...
não pode, enfim, aqui nos perceber.
Nós somos monges sob o sol pintado
num mal vitral que ninguém pode ver.
Nós somos monges - magros, esquisitos
que ninguém nota a palidez castanha
dos nossos olhos ternos, mas aflitos
num mal vitral duma capela estranha.
Que ninguém nota o nosso canto aguado
e o dedilhado atravessado insiste,
nós somos cegos sob o sol dourado
no transe eterno, só ele nos assiste
do dolorido ao desacreditado,
do envelhecido, espedaçado, triste...
22 setembro 2019
Violeta Parra
A minha letra inexpressiva,
é muito séria e deprimente,
não é tão pouco conclusiva
e muito menos coerente.
Não vou falar da minha vida,
do que espero de outro alguém,
a minha alma arrependida
não quer saber mais de ninguém...
Nenhum refrão me vem a mente,
porque não sei pensar sozinho,
meu coração incompetente
ainda espera por carinho...
E que prazer nessa guitarra
enquanto corta lentamente
vou escutar Violeta Parra,
e me envolver num acidente...
é muito séria e deprimente,
não é tão pouco conclusiva
e muito menos coerente.
Não vou falar da minha vida,
do que espero de outro alguém,
a minha alma arrependida
não quer saber mais de ninguém...
Nenhum refrão me vem a mente,
porque não sei pensar sozinho,
meu coração incompetente
ainda espera por carinho...
E que prazer nessa guitarra
enquanto corta lentamente
vou escutar Violeta Parra,
e me envolver num acidente...
25 fevereiro 2019
Arcangélica
Teu lábio erradia
do verbo a magia
que te contrasta.
Tua língua encerra
um sabor de terra,
uma terra nefasta...
Já não há combate,
nem teu corpo se abate -
nenhum desfalecer.
Não te chega a altura
tua fraca figura,
tua falta de ser.
Amordaça o Desejo,
dilacera esse beijo -
bem me quer, mal te quis...
Teu amor é um defeito
que te infecta o peito
de carências sutis.
Quem dera, Arcangélica,
que essa fome histérica,
violenta e triste,
que tu tens carregado
com tamanho cuidado
como quem não desiste,
Fosse feito em presente
ao futuro indecente
que me espera cair
de joelhos em glória
ao findar uma história
que ninguém quis ouvir.
do verbo a magia
que te contrasta.
Tua língua encerra
um sabor de terra,
uma terra nefasta...
Já não há combate,
nem teu corpo se abate -
nenhum desfalecer.
Não te chega a altura
tua fraca figura,
tua falta de ser.
Amordaça o Desejo,
dilacera esse beijo -
bem me quer, mal te quis...
Teu amor é um defeito
que te infecta o peito
de carências sutis.
Quem dera, Arcangélica,
que essa fome histérica,
violenta e triste,
que tu tens carregado
com tamanho cuidado
como quem não desiste,
Fosse feito em presente
ao futuro indecente
que me espera cair
de joelhos em glória
ao findar uma história
que ninguém quis ouvir.
11 novembro 2018
Era um dia normal.
Segunda-feira.
Entrei numas de acender fogueira
pra dançar meu ritual de guerra
com os pés descalços
sobre a terra...
Tomei um litro e meio de sangria,
confundi estupidez com rebeldia,
fui ter com os perdidos amizade
e acreditei que existe a liberdade.
Era um dia normal,
ganhei no bicho.
Fiz do que era santo
um capricho,
comi das flores as cores do odor
e o gosto encheu minha boca de torpor,
deitei nesta clareira morna e mística
como um fauno acometido pela tísica,
enfim, um melancólico enojado
de mim, da distância, do planeta, do Estado...
Segunda-feira.
Entrei numas de acender fogueira
pra dançar meu ritual de guerra
com os pés descalços
sobre a terra...
Tomei um litro e meio de sangria,
confundi estupidez com rebeldia,
fui ter com os perdidos amizade
e acreditei que existe a liberdade.
Era um dia normal,
ganhei no bicho.
Fiz do que era santo
um capricho,
comi das flores as cores do odor
e o gosto encheu minha boca de torpor,
deitei nesta clareira morna e mística
como um fauno acometido pela tísica,
enfim, um melancólico enojado
de mim, da distância, do planeta, do Estado...
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