Passarim



2 commentaria
Passarim plantou semente
no vaso virgem,
nasceu flor na minha mente
e deu vertigem...

Foi - sumiu, não sei se quer
fazer seu ninho,
se tem - não tem sua mulher
ou é doidinho...

Passarim que ouve puro jazz, 
que se balança...
Que veio aqui em um revés
cobrar vingança - 

Cadê, que rosa eu te devo? 
não vi - não vejo, 
se fica aqui, olha, me atrevo 
e te dou beijo!...

Avulsos Pós-Punk I



0 commentaria
I

A janela abre o poeta e nela
a cidade admira ele nu,
manda fazer outra capela, 
mas a prefeitura é um cu... 

II

Meu conselho é que fumes
se entendes de obter o que é lento,
do contrário vá de chicletes
e não tropeces no vento!

III

Homem que é homem:
ama outro não, 
nem ouve canto de cotovia, 
ama outra não, 
tá nem aí pra poesia... 
homem quer homem... 
homem só quer 
se automamar
e falar mal de mulher... 

IV

No Rio nunca pegue condução
para um destino indefinido, 
no Rio cada peixe não nada em vão 
sem levar o "telefone do bandido"... 

Verde e Branco



0 commentaria
Nasce o dia feito a foto - filtro: primavera... 
Dançam pelo caminho folhagens selvagens 
sob o sol que alimenta, enquanto nos tempera 
o fulgor do Destino estorcendo imagens!...

De olhos semicerrados minha alma pondera 
onde antes o Caos frio encontrava pilhagens, 
quando eu flertava, íntimo, com a Quimera 
que nos come por dentro evocando miragens... 

Assim que dei por mim instaurou-se o prazer
dessa estrela Vestal - do cerebelo a química
fazendo-se escutar o que antes era mímica...

Adivinho nas nuvens um outro Amanhecer - 
Mãe de todas as cores, paz e redenção, 
teu filho pede agora o amor da tua bênção... 

Depois da passarela, Rua do Matoso



0 commentaria
O sol é como a fênix rara
piando a lei que declara:
toma outra manhã!... 

O sol é esperança - não tarda, 
embora seus beijos nos arda, 
com tanto afã.

E lá vem eu que sonho pouco, 
cantando desafinado e rouco 
a mesma canção... 

E lá vai eu que aos trinta e tantos 
ainda escrevo meus encantos 
(de) coração... 

Até cair



2 commentaria
Até cair a nuvem de fiapos
e a ilusão da água batizar
a todos nós recém nascidos 
debaixo desse sol de azar...

Até cair os cabelos brancos
de um Deus surdo e mudo,
os anjos virão ao teu encontro
e ao teu ouvido dirão: "isso é tudo."

Até cair a face de Cristo Rei
no madeiro onde ainda padece,
o trovão irá dar o tom de início
para canto que a morte oferece...

Até cair folha nenhuma de nenhuma
árvore que não viça florescente, 
alguma onde qualquer verde jamais
poderá existir verde novamente...

Até cair a última lágrima coitada
no meio de um disco de acreção,
pouco vale a tua dor se não supor
que a beleza seja sua condição... 

Olhando os trilhos do trem



0 commentaria
Desinfeliz, ocasionalmente, 
julgo o preço do café - tomo 
contrariado, mas plenamente 
sorrio ao sol sem saber como... 

Preguiça de métrica - ausente 
psíquico, ao meu querer assomo
rimar displicente, inconsciente, 
anedônico, reduzido - átomo! 

Os trilhos do trem vão velozes... 
os fones não calam as vozes
dentro desse baú encefálico...

"Morrer, morrer!" Ele soa convicto, 
sino da tristeza, não serei adicto
ecoando o seu timbre metálico... 

Cortes do NIHIL?



0 commentaria
Passei a tarde jogando Pokemon, 
fones novos, supra auriculares, 
ouvindo Djavan, Elis e Tom,
e outros pedestais em seus altares...

Fiz um penta kill de Dragonite!
Dei um tempo, peguei na geladeira
o meu prêmio, algo doce, mas light - 
velha ambiguidade costumeira. 

Mudei algumas plantas de lugar... 
Que vontade de ouvir Malandragem 
agora que virei a personagem... 

E foi chegando a noite devagar...
Fui caçar nova vida libertária, 
e outra vez a fome literária... 

Carta X



0 commentaria
Eu disse te amar crendo proferir um encantamento medieval, um desejo de que o mundo físico se modificasse, mas era feita de ouro de tolo minha pedra filosofal.
Aqui seremos francos, aquele teatro infantil machucou a nós três. Dediquei sonetos, poemas imensos, erros gramaticais apenas conhecidos por mãos adolescentes ansiosas em conquistar uma paixão idealizada, "comunista".
Longe de mim me eximir do conceito da culpa, mas na real, me perdoe, eu menti.
Não existe amor sem cumplicidade, sem aquela partilha de dor fúnebre ou riso escandaloso de piada duvidosa. Nosso amor era natimorto. Como um algoritmo simulando saudades e carências de uma outra dimensão.
Bem, como todo poeta... não, não serei um canalha desse tipo! Errei e ponto. Penso ter acabado lá, mas talvez eu tenha deixado alguma semente murcha, que brotou uma flor moribunda, que te perfuma com os vapores de Delfos...
Olha, com todo respeito, mate esta flor!