"Homem dos anos 20"



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O que faz - 
o que é! 
O que tem - 
o que é! 

O que é, então? 
O que faz e tem... 
sem isso - só o "não" , 
o "não" de não é ninguém. 

Avulsos Pós-Punk II



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I

Tem muita gente que
acha que o amor é...
muita gente que crê 
em gente demais, né?

II

Ele quer ser (risos) profundo. 
Ele tá lá. Cantando sozinho,
imita Deus fazendo o mundo,
que dó desse coitadinho!

III

Há tantas coisas para um poema:
ideia, tédio, paixão, vontade... 
Há nada mais para um poema? 
A vida não virou prioridade? 

IV

No Carnaval
passa o bloco, 
tudo está mal, 
desvia o foco! 

"No Rio de Janeiro
todas as meninas são putas... 
No Rio de Janeiro
todos os meninos são putas..." 

No Carnaval 
o bloco passou, 
o Rio tão mal
que vomitou... 

Passarim



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Passarim plantou semente
no vaso virgem,
nasceu flor na minha mente
e deu vertigem...

Foi - sumiu, não sei se quer
fazer seu ninho,
se tem - não tem sua mulher
ou é doidinho...

Passarim que ouve puro jazz, 
que se balança...
Que veio aqui em um revés
cobrar vingança - 

Cadê, que rosa eu te devo? 
não vi - não vejo, 
se fica aqui, olha, me atrevo 
e te dou beijo!...

Avulsos Pós-Punk I



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I

A janela abre o poeta e nela
a cidade admira ele nu,
manda fazer outra capela, 
mas a prefeitura é um cu... 

II

Meu conselho é que fumes
se entendes de obter o que é lento,
do contrário vá de chicletes
e não tropeces no vento!

III

Homem que é homem:
ama outro não, 
nem ouve canto de cotovia, 
ama outra não, 
tá nem aí pra poesia... 
homem quer homem... 
homem só quer 
se automamar
e falar mal de mulher... 

IV

No Rio nunca pegue condução
para um destino indefinido, 
no Rio cada peixe não nada em vão 
sem levar o "telefone do bandido"... 

Verde e Branco



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Nasce o dia feito a foto - filtro: primavera... 
Dançam pelo caminho folhagens selvagens 
sob o sol que alimenta, enquanto nos tempera 
o fulgor do Destino estorcendo imagens!...

De olhos semicerrados minha alma pondera 
onde antes o Caos frio encontrava pilhagens, 
quando eu flertava, íntimo, com a Quimera 
que nos come por dentro evocando miragens... 

Assim que dei por mim instaurou-se o prazer
dessa estrela Vestal - do cerebelo a química
fazendo-se escutar o que antes era mímica...

Adivinho nas nuvens um outro Amanhecer - 
Mãe de todas as cores, paz e redenção, 
teu filho pede agora o amor da tua bênção... 

Depois da passarela, Rua do Matoso



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O sol é como a fênix rara
piando a lei que declara:
toma outra manhã!... 

O sol é esperança - não tarda, 
embora seus beijos nos arda, 
com tanto afã.

E lá vem eu que sonho pouco, 
cantando desafinado e rouco 
a mesma canção... 

E lá vai eu que aos trinta e tantos 
ainda escrevo meus encantos 
(de) coração... 

Até cair



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Até cair a nuvem de fiapos
e a ilusão da água batizar
a todos nós recém nascidos 
debaixo desse sol de azar...

Até cair os cabelos brancos
de um Deus surdo e mudo,
os anjos virão ao teu encontro
e ao teu ouvido dirão: "isso é tudo."

Até cair a face de Cristo Rei
no madeiro onde ainda padece,
o trovão irá dar o tom de início
para canto que a morte oferece...

Até cair folha nenhuma de nenhuma
árvore que não viça florescente, 
alguma onde qualquer verde jamais
poderá existir verde novamente...

Até cair a última lágrima coitada
no meio de um disco de acreção,
pouco vale a tua dor se não supor
que a beleza seja sua condição... 

Olhando os trilhos do trem



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Desinfeliz, ocasionalmente, 
julgo o preço do café - tomo 
contrariado, mas plenamente 
sorrio ao sol sem saber como... 

Preguiça de métrica - ausente 
psíquico, ao meu querer assomo
rimar displicente, inconsciente, 
anedônico, reduzido - átomo! 

Os trilhos do trem vão velozes... 
os fones não calam as vozes
dentro desse baú encefálico...

"Morrer, morrer!" Ele soa convicto, 
sino da tristeza, não serei adicto
ecoando o seu timbre metálico...