10 agosto 2018

A Piada

Quando chorei pela primeira vez
nos braços da mulher que me pariu,
eu já sabia, inconscientemente, 
que é preciso alguma forma de alívio.

Mas depois de tantos anos ainda
inconsciente doutro meio de parir, 
serro meus dentes neste instante incerto
e procuro um motivo pra sorrir.

Vou sorrindo pelas esquinas, louco,
e meu demônio no interior do estômago
se apraz me devorando pouco a pouco... 

Depois de tanta lágrima espontânea, 
pego o espelho e examino, triunfante, 
ninguém a quem se julga importante...

2 comentários:

Fєrnαndєz ♠♠ disse...

Grata surpresa voltar e ler os teus poemas. Noto uma direção diferente em relação a escritos mais antigos.
Muito bom mesmo o soneto.

Davi Machado disse...

Fernandez, "aquele" teu soneto é que não me sai da memória.
Tomei a direção do trem desgovernado, nem carteira de maquinista tenho, meu negócio é motocicletas!