Deveria eu silenciar
e ainda mais;
descendo até o íntimo Sheol
para me reencontrar
e esse eu que deveria ser
vir para a luz comigo,
altivo e desconcertante,
mas cada vez que abro a boca
é um declínio, uma miséria,
e já tão fundos
corriqueiros, meio mé, e meio
que cansa a autopiedade,
então deveria eu silenciar
como a pedra da cachoeira
rachada de água gélida,
como o ninho do pardal
ou algo mais bucólico
que me proponha a fuga
daqui.
Arqueja sobre o chão meu corpo branco e sujo...
Ela me disse: "talvez seja obra de outro mundo,
algum obsessor que te quer ver um caramujo
que redundante arrasta o seu passado imundo..."
E ciente dos eflúvios que a mente enternece,
discuto com espelhos falhos, divergentes
espectros do eu - do que inflama, do que apodrece,
do que cai em terra fértil entre muitos afluentes.
E virá a Desvontade com seu manco acólito,
aspergindo triunfante o odor do despropósito
da jovem floração que advém do meu rancor...
E definho abraçado à completa preguiça,
ela me diz: "é do espírito! Vai ao centro ou à missa!"
E minha alma esvanece com tamanho amor...
Há muito que eu tomo
o mais grave e lúcido cuidado...
Há muito que tudo me ensina
o mais grave e lúcido cuidado...
Há muito que tudo me ensina
a permanecer calado...
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