Primeiro, definido o espaço
e o tempo para o emprego das mãos,
o sonho da não indigência
e do não desespero noturno,
em cada vez que se cogita a presença do despejo
atrás de uma porta adotiva.
Ali o suor e a lágrima aspergem
sobre cada buraco úmido...
Cheiro de terra que nos sobe ao nariz
quando a liberdade está perto o bastante
para o toque de prazer impoluto.
Eu queria em mim essa estrutura férrea
e esse balanço. Quando a sordidez dos ventos
desfolhassem a copa das velhas árvores,
quando o murro do raio estalasse,
no meu corpo sólido haveria
a substância do amparo seguro.
Por fim, já calejados corpo e alma,
no entardecer um blues, regar as plantas
que antes quis duas, agora mais de trinta
desbotando flores ordinárias - sem poemas,
só a vida quase concluída,
que demanda ainda o acabamento,
feita e imperfeita...
Por enquanto mantenho o trabalho que invento
perscrutando a areia lavada,
colecionando pedras para enfeitar substratos.
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