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Quando penso no amor que idolatro
vem a dúvida do que é a idolatria,
se te adoro como um simulacro,
se te odeio quanto mais se distancia...

É coragem por à prova o contrato
ou tem força a evolução da covardia,
se te amar descubro hoje ser um fato,
se amanhã o mesmo fato assim seria...




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Os velhos versos
nada de novo,
a mesma casca
do mesmo ovo...

As vacas magras
que ainda pastam,
onde os milagres?
nem eles bastam...

Os mesmos muros
fronteiras nuas,
as mesmas dores
as mesmas ruas...

Deitado no campo de papoulas



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O cavaleiro entrega sua cabeça
que trêmulas mãos de castelã abarcam

há silêncio

o tempo julga e decreta

o coração espera novas freguesias
para o comércio de outra miséria itinerante

o grande Mistério é a adoração
pela ciência da primogênita Virtude...


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Deste quintal de putas velhas erguem-se
muralhas farpadas por pseudo-diamantes
e trepadeiras sem flores...

eu sou

A janela escancarada me entornou
na boca do espectro que me habita...




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No fim da rua a tua casa morre
e dormes tão vazia do meu amor,
minha Ofélia melada de obscuros
tristes versos que componho sem pensar...

Consciência e autocrítica



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Sobram-me reticências e vírgulas...
Meu vocabulário é uma vaca carnívora.
À primeira vista minhas ideias são asas,
à segunda são rasas,
à terceira são casas
nas esquinas das fórmulas comprometidas com o uso
do desuso...
Há profundeza nos olhos de quem vê?
No fim
eu sou você,
e vamos mal...

Não entendemos isso de ser poeta profissional.

3 Notas



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I
 
Quando estou atrasado a rua se renova, nem o sol brilha a mesma tela, aracnídeo. Até o cigarro fumado no caminho empresta um gosto nítido de deboche e despreocupação.
 
II
 
O grande motivo da minha falta de pontualidade é o orgulho. O que pensariam de mim se me vissem, esbaforido, correndo léguas para pegar o trem?
 
III
 
Se me demoro 5 minutos a mais na cama, minha rotina é varrida por um tornado, meus compromissos esmagados por um piano, minha cara é detonada por uma banana de dinamite.

Teto preto



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Afasto as cortinas
cúmplices da luz
e dançarinas das sombras...
Amigo mais próximo, quem és tu?
Deito no tapete verde,
braços em cruz,
logo tudo se perde...
Jesus!

Arauto inútil, quem és tu?
O espelho encarcera a imagem que aceita
mas seu rosto quadrado não se sujeita...

No chão a chuva de ontem tremeluz
o espírito de um velho vulto desconhecido -
óculos e dentes e sulcos e os
braços magros dependurados -

Sou o espantalho na colheita das horas...