13 fevereiro 2025

Olhando os trilhos do trem

Desinfeliz, ocasionalmente, 
julgo o preço do café - tomo 
contrariado, mas plenamente 
sorrio ao sol sem saber como... 

Preguiça de métrica - ausente 
psíquico, ao meu querer assomo
rimar displicente, inconsciente, 
anedônico, reduzido - átomo! 

Os trilhos do trem vão velozes... 
os fones não calam as vozes
dentro desse baú encefálico...

"Morrer, morrer!" Ele soa convicto, 
sino da tristeza, não serei adicto
ecoando o seu timbre metálico... 

10 fevereiro 2025

Cortes do NIHIL?

Passei a tarde jogando Pokemon, 
fones novos, supra auriculares, 
ouvindo Djavan, Elis e Tom,
e outros pedestais em seus altares...

Fiz um penta kill de Dragonite!
Dei um tempo, peguei na geladeira
o meu prêmio, algo doce, mas light - 
velha ambiguidade costumeira. 

Mudei algumas plantas de lugar... 
Que vontade de ouvir Malandragem 
agora que virei a personagem... 

E foi chegando a noite devagar...
Fui caçar nova vida libertária, 
e outra vez a fome literária... 

08 fevereiro 2025

Stims III

Ganhei um spinner do meu amor
rodei feliz, que prazer, que prazer! 
Quebrou...

Ganhei outro spinner do meu amor
girei sem parar, sem parar, outra vez
quebrou...

06 fevereiro 2025

Ao Neurologista

Eu me vejo um bicho indefinido
entre a folhagem espessa escura, 
ninguém sabe por onde tenho ido,
minha espécie não tem conjectura...

Meus hábitos alimentares estranhos 
envolvem todo tipo de ambrosia? 
Envolvem sorver seiva ou sangue
ou mastigar versos de poesia?

Eu me sinto um bicho nunca visto:
animal arisco de hábitos noturnos,
nunca ouvi a voz de Jesus Cristo,
nunca vesti farda nem coturnos...

Será você, grande Sherlock mental
o primeiro a escrever minha pele?
Antes que o tempo seja triunfal
e meu corpo para estudo se revele? 

02 fevereiro 2025

Café

Esses verdes olhos de vidro - 
agora sozinho, finalmente... 
experimente o último espasmo,
numa pilha de lixo indigente...

Eu vi porcos - certo que o devorem,
como lentamente tenho sido...
Menos, né? Por um segundo 
invejei o teu último gemido...

E que esperança! Duvidei até gelar,
suas orelhas e abri seu fuço,
já com aquele característico
fedor de carne quase ida - soluço...

Bem, eu o amava... nada contradiz, 
sempre recorro à poesia unguento...
Mas os anos 20 estão aí, baby, 
e a dor é um algoritmo lento...
................................................. 

E eu que não quero chorar mais
marejo diante de ti, me estio
ao falhar no contrato de macho,
nesse olhar de vidro verde vazio...

31 janeiro 2025

Stims II

Joelho 220 volts,
estilo rock anos 50,
na pontinha dos pés,
o ritmo a gente inventa...

As pernas incansáveis -
os músculos tremulantes,
está tudo bem, tudo bem, 
tudo melhor do que antes... 

Stims I

Defina mãos - 
balance! 
Repita e repita, 
proveite a chance...

Quanto aos olhares
de julgamento,
defina foda-se
nesse momento!

25 janeiro 2025

Toma meu nome

Toma meu nome quando
aquela canção primeira
lembrar uma quinta-feira:
um beijo e a chuva chorando.

Toma meu nome português
dos antigos hábeis lenhadores,
que serviam aos seus senhores
nas cortes do velho burguês...

Do meu nome aceite ainda
o fio que fere a sakura
mesmo que a pétala pura
não seja tão pura e linda...

Toma que são todos seus 
se trazem alegria ou má sorte,
quem decidirá isso é Deus
depois que eu tomar a Morte....