02 fevereiro 2025

Café

Esses verdes olhos de vidro - 
agora sozinho, finalmente... 
experimente o último espasmo,
numa pilha de lixo indigente...

Eu vi porcos - certo que o devorem,
como lentamente tenho sido...
Menos, né? Por um segundo 
invejei o teu último gemido...

E que esperança! Duvidei até gelar,
suas orelhas e abri seu fuço,
já com aquele característico
fedor de carne quase ida - soluço...

Bem, eu o amava... nada contradiz, 
sempre recorro à poesia unguento...
Mas os anos 20 estão aí, baby, 
e a dor é um algoritmo lento...
................................................. 

E eu que não quero chorar mais
marejo diante de ti, me estio
ao falhar no contrato de macho,
nesse olhar de vidro verde vazio...

2 comentários:

Anônimo disse...

Há anos eu não escrevo mais um soneto. Desde aqueles tempos. Mais ainda os guardo, todos. Meus e não.

Davi Machado disse...

Tudo há seu tempo, né, mas a poesia tá aí em você.