Avulsos Pós-Punk VI



0 commentaria
I

Ame
e dê a cara a tapa, 
pois 
dar a cara a tapa
é dar a cara a tapa.

II

Perfeito nojo
julgador
desestrutura num beijo
furta-cor
do punho serrado
de qualquer um
que se atreve a viver
sendo incomum.

III

Pobre do pobre que nota
que não é feliz,
pobre do pobre que vota
nesse meu país!...

IV

Não sei, 
vovó Gilka Machado,
me tornei
o teu "Cristal Quebrado"?... 

Drowned Blues



0 commentaria
I'm so down... 
I do not know what to do now, 
time is the law 
his hammer echoes a fleeting sound, 
I took myself hostage, 
just to sing sad in this old cage... 

Tell me the truth! 
You never met someone like me, 
so ugly and poor, 
how much a skinny dog ​​can be, 
I will throw the broken bone 
until my soul hears: it's done!

Drowned in the blue... 
believing that I was really full, 
when I felt for you, 
something that was deep and pure, 
but nothing is as we suppose
only learn this who knows how to lose... 

Substrato



0 commentaria
Em ti, doce encanto, no afago macio, encontro esconderijo. Quantas vezes, colérico, questionei o foco dos teus olhos e duvidei do enredo da sua boca? 
Hoje que florescem meus frutos, reconheço, eu que era charco inócuo e insípido, esturricado... O que vingaria além? 
No entanto, os anos nunca mentem por cada folha deste flamboyant vermelho... 

"Ir embora de si"



0 commentaria
Ir para lá - comigo seja
a solidão real, lucidez
de perceber a liquidez
que é temporal, que se deseja...

Deixar-me dito - ninguém veja
além de alguns entre vocês... 
Ir como quem mais de uma vez
tentou fugir de quem se beija...

E para quê? Para encontrar-me
no multiverso e que desarme! 
Eu noutro eu - paradoxal... 

E então voltar-me insatisfeito 
de me expulsar, nesse conceito 
de não querer-me sempre igual... 

Avulsos Pós-Punk V



0 commentaria
I

E falhei, 
cotovia - 
sequela! 

Expliquei
poesia 
para ela... 

II

Compassada
a chuva do nada
resvala no bueiro,
como os olhos meus
fazem lama, dão adeus
sobre o travesseiro.

III

Fui pego em cadernos
velhos de anos tantos, 
entregue aos eternos
soluços dos prantos...

IV

Maculado
o travesseiro
pela lama,
enquanto chove 
o dia inteiro 
na minha cama. 

5:30 am



0 commentaria
Imune aos benzodiazepínicos,
reduzo-me - psicoplégico, 
e meus olhos antes tão cínicos
focam no horizonte imagético...

No laço do passarinheiro
chapo das pestes perniciosas -
dou-te o peso, meu travesseiro... 
Todas as estrelas teimosas, 

mesmo idas, emitem longe a luz - 
ímpar beleza que seduz
nossas mãos - carne impossível

ao toque - Deus é o passado, 
saudades... ser transfigurado 
de volta à ideia do existível...

Carta XI



2 commentaria
Certo de que lhe prometi resignação versificada, procuro entre os arquivos daqui, dali e pronto! documento lavrado no cartório Angenor de Oliveira, que descreve: 
Para todos os fins, seja dada a proibição contínua de escrever-te ou descrever-te, até a segunda ordem.
Porém, arrisco-me, subversivo, ao verso, no disfarce de prosaicas imagens discursivas.

À mesa, sob a bênção lunar, sentamos na partilha do silêncio. Há qualquer humor infeliz que te escolta, um cheiro peculiar, além do costumeiro de mentiras. Embaraçado, tento decifrar-te, já que para os autos do ofício, ainda posso te fingir de Esfinge.

E nada mais. Concluo o caso como o arquivo: indefinido. Tudo bem, amor. Quaisquer que sejam tuas queixas inéditas, existe um raio de sol por onde a glória da guilhotina desce sua bênção avassaladora e, Deus o sabe, que desde moço o meu pescoço pontilhado espera, ultraromanticamente, espera...

Arqui-duquesa Lua



0 commentaria
Garrafa d'água sobre a mesa - 
canecas mornas, uns desenhos
por colorir em desempenhos
quase infantis pela grandeza...

A gata Lua requer limpeza. 
Acomodada, sabe quem os
deveres faz, sempre ferrenhos...
A gata Lua, arqui-duquesa...

Ouço pulsar meu desalento, 
penso na música ou no intento
de colorir o tempo espaço, 

mas se distorce o pensamento, 
sinto um soneto e um som cinzento 
nascendo choro, que amordaço...