Átomo



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Deixe-me só.
Que só eu fique...
Uma só nota,
um só repique...


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Um poeta morto no caminho...
Crianças brincam em ciranda,
coroam sua fronte com louros
recortes de jornais e revistas...


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a gente queria conquistar o mundo
queria a gente
queria o mundo


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Não sei. Vender poemas me lembra
o açougue do seu Onofre,
ele sempre sorri simpaticíssimo
com as mãos embebidas em sangue.




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A minha cabeça
dependurada
no mastro,
a minha cabeça
desfigurada,
um astro.

A minha cabeça
de sonho
desguarnecida.
A minha cabeça,
suponho,
planeta sem traço de vida.

Não era pra ter sido



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Naquela vez você veio - a porta aberta
dentro da estranha noite que me entrou,
em meu quarto minguante toda oferta
das suas preocupações entregou...

Mas eu, bobo esquisito, mergulhado
em toda sorte de infantilidade,
tentei ser interessante e engraçado,
contando fatos sem profundidade...

E sentíamos o mesmo, talvez mais
do que um papo causal pode afirmar,
tanta coisa eu não soube segredar...

Agora, mal dos tímidos, sem mais
a estranheza da noite permanece...
.............................. ah, esquece!...

Introspectivo



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Não te vejo, não me vês... é provável,
talvez me tenham como narcisista,
indubitavelmente impenetrável,
chupando cigarrinhos de intimista.

A solidão se torna indispensável,
mas longe de ser tola ou derrotista,
o tédio, igualmente detestável,
preenche meu desterro pessimista...

Cativo da rotina, residente
da soma do que é velho e displicente,
não sei há quanto tempo vivo a esmo.

Os livros que não li são companhia,
meus discos de obscura nostalgia -
são temas do deserto de mim mesmo...

No trem



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Teus olhos, senhora... que arrepio!
Teus gestos de velha... que destreza
ao passar a página, beleza!
Fico a te fitar, assim, sombrio...

Fernando Pessoa com sua Mensagem
nas tuas delicadas mãos sem viço, 
parece que vejo... era miragem?
Fico a te fitar, assim, mortiço...

Teus olhos, senhora... dois açoites!
Quem me dera vê-los pelas noites
dentro do vazio... pouco importa

o que eu quero... foste embora e tchau!
Quem sabe hoje já não estás bem morta
sem chegar do livro no seu final?...