Lucífera



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Eu não sei qual é teu existencialismo, 
se existes de fato ainda, feito a prova
que o ideal diário sempre renova
cair na compulsão do perfeccionismo... 

Deu-se em luz - contrário ilusionismo, 
nele cismo, troco seu truque e trova
no laboratório da minha alcova
descubro-te na fórmula do abismo...

Revelada como arte branca e preta, 
feminil, melódica, sã, completa
e moderna - julgo-te em captura

bêbado de fótons - eu radioativo
decaído elemento primitivo - 
depressiadíssima nova criatura!...

Avulsos Pós-Punk VII



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I

Cruz e Sousa não me ouça,
não trema suas ossadas,
enquanto eu lavo a louça
compondo essas paradas...

II

O Caetano caga! 
O Caetano é praga,
o Caetano é rico, 
me faria de penico!

III

Onde queres sofia, sou revólver,
onde queres comida, sou o "não",
onde queres querer, passo vontade... 
onde queres o luxo, eu limpo o chão!

IV

Casimiro preso aos oito anos 
nos livros de português,
nunca vê crescer seu bigode... 
sem tuberculose dessa vez... 

Avulsos Pós-Punk VI



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I

Ame
e dê a cara a tapa, 
pois 
dar a cara a tapa
é dar a cara a tapa.

II

Perfeito nojo
julgador
desestrutura num beijo
furta-cor
do punho serrado
de qualquer um
que se atreve a viver
sendo incomum.

III

Pobre do pobre que nota
que não é feliz,
pobre do pobre que vota
nesse meu país!...

IV

Não sei, 
vovó Gilka Machado,
me tornei
o teu "Cristal Quebrado"?... 

Drowned Blues



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I'm so down... 
I do not know what to do now, 
time is the law 
his hammer echoes a fleeting sound, 
I took myself hostage, 
just to sing sad in this old cage... 

Tell me the truth! 
You never met someone like me, 
so ugly and poor, 
how much a skinny dog ​​can be, 
I will throw the broken bone 
until my soul hears: it's done!

Drowned in the blue... 
believing that I was really full, 
when I felt for you, 
something that was deep and pure, 
but nothing is as we suppose
only learn this who knows how to lose... 

Substrato



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Em ti, doce encanto, no afago macio, encontro esconderijo. Quantas vezes, colérico, questionei o foco dos teus olhos e duvidei do enredo da sua boca? 
Hoje que florescem meus frutos, reconheço, eu que era charco inócuo e insípido, esturricado... O que vingaria além? 
No entanto, os anos nunca mentem por cada folha deste flamboyant vermelho... 

"Ir embora de si"



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Ir para lá - comigo seja
a solidão real, lucidez
de perceber a liquidez
que é temporal, que se deseja...

Deixar-me dito - ninguém veja
além de alguns entre vocês... 
Ir como quem mais de uma vez
tentou fugir de quem se beija...

E para quê? Para encontrar-me
no multiverso e que desarme! 
Eu noutro eu - paradoxal... 

E então voltar-me insatisfeito 
de me expulsar, nesse conceito 
de não querer-me sempre igual... 

Avulsos Pós-Punk V



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I

E falhei, 
cotovia - 
sequela! 

Expliquei
poesia 
para ela... 

II

Compassada
a chuva do nada
resvala no bueiro,
como os olhos meus
fazem lama, dão adeus
sobre o travesseiro.

III

Fui pego em cadernos
velhos de anos tantos, 
entregue aos eternos
soluços dos prantos...

IV

Maculado
o travesseiro
pela lama,
enquanto chove 
o dia inteiro 
na minha cama. 

5:30 am



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Imune aos benzodiazepínicos,
reduzo-me - psicoplégico, 
e meus olhos antes tão cínicos
focam no horizonte imagético...

No laço do passarinheiro
chapo das pestes perniciosas -
dou-te o peso, meu travesseiro... 
Todas as estrelas teimosas, 

mesmo idas, emitem longe a luz - 
ímpar beleza que seduz
nossas mãos - carne impossível

ao toque - Deus é o passado, 
saudades... ser transfigurado 
de volta à ideia do existível...