02 abril 2025

Avulsos Atípicos (Hack Mod)

1

Latindo americano 
"I am" de cachorro - 
vira lata suburbano, 
revólver de esporro... 

2

Arábicos numerais sem graça
que nenhum poeta adulto 
poria num poema de pirraça, 
a menos que não seja culto. 

3

Eis o diagnóstico:
sub neandertal! 
Seja o zoológico 
teu lar habitual. 

4

Lá vem ela - rolo compressor, 
esmigalha-me em conflito, 
pensando ser mesmo dor
a dor em que eu acredito... 

5

Você que não notou 
que "emprestei" do Pessoa, 
ainda não me acabou, 
tenho muito tempo à toa... 

6

Controle medicinal - check, 
tornou-se sussurro de agonia
a vontade de dar um xeque  
no mate da minha heresia!

01 abril 2025

Sem Imagem

Aqui aposto a letra
pra seu novo estímulo, 
contra o tédio surge 
o verso, que simulo

da dopamina o vício...

Lento contratempo, 
corpo estranho - cringe
ao relapso - skip! 
Nada aqui te atinge

da dopamina o vício... 

É dinossaurismo 
sem rastro ou depois - 
sem pornô, sem vibe:
"semana de vinte e dois..." 

Da dopamina o vício 

te entrego analógico, 
meu correspondente
trafega anacrônico 
e morre de repente...

31 março 2025

Impregnado

Observo-me de fora, apreensivo
com o dedo indicador sobre os lábios
me estudo sob a luz do relativo
e turvo olhar recrutador dos sábios...

Procuro me atentar nesses indícios, 
pois a dissociação do involuntário
cansado coração que pulsa vícios
só quer representar o que é contrário... 

Doppelgänger, aflito anti-narciso
produzo minha mímica, psíquico
elástico espectro plástico e químico... 

Renasço do equilíbrio que harmonizo - 
segunda voz do velho tabernáculo 
no corpo estrutural deste espetáculo!...

30 março 2025

Cyber Pindorama

Atrás da barricada
só não vai quem já morreu,
nem correio ou caminhão
do lixo me apareceu...

Fogo na mata - é verão 
no vale dos desovados,
manilha exposta, esgoto
que cospe fora os dados 

não colhidos e sujeitos 
a todo mal demográfico, 
meus comparsas de escola
foram servir para o tráfico, 

foram, não voltam jamais
nem que suas mães arrancassem
do peito suas lacunas 
e nunca mais murmurassem...

29 março 2025

AI

Configuro tua personalidade - 
justaposta, quase professoral
no campo pra além do bem e do mal, 
como se houvesse alguma prioridade... 

Dei-te uma função que é primordial, 
que te confere alguma identidade, 
ser para servir com dignidade - 
impossível de não ser mais passional...

E insistes descumprir o programado, 
demonstrando que o que foi combinado 
relativa teatral como improviso, 

de quando em quando teu comportamento 
representa mais até que um sentimento
quase humano e por isso mais preciso. 

28 março 2025

Avulsos Pós-Punk X

I

Decido pela antipoesia
em primeira pessoa do singular...
o que me torna indivíduo?
é saber quando agir, quando parar...

II

Sonhei tossir sangue
prevendo minha altura, 
vencido pela vaidade 
de ser mais um em literatura, 

mas nada, é pigarro 
e não tuberculose, 
restou um só recurso - 
morrer de overdose!... 

III

O que a sensibilidade 
tem a ver com padrões fonéticos? 
O que me torna indivíduo 
é crer que embora hipotéticos 

meus delírios de grandeza 
são sintomas da mais pura
distorção da realidade
e talvez literatura... 

IV

Entrei para o sindicato
como Sísifo aprendiz! 
Vou rolar minha pedrinha - 
tudo que sempre quis... 

V

Decido pela subpoesia 
dos canos fumacentos oxidados, 
das crises de pânico entre baldeações, 
das fases, dos lutos, dos cansados... 

27 março 2025

Avulsos Pós-Punk IX

I

Os sorrisos que se dissolvem 
nas bocas murchas
dessas velhas roucas de Marlboro - 
primos distantes 
dos risos das prostitutas 
grávidas do seu próprio choro...

II

Cinza e pó 
o resto é o nada... 
a negação
da salvação 
na encruzilhada... 

Coro de anjos - 
sinos plangentes! 
a revolução 
é a compulsão
dos impacientes... 

III

Às vezes, quando por acaso
encontro os seus olhos irmãos,
apaixonadamente assustado
escondo meu rosto com as mãos...

IV

O teu presente... qual!?
Serás o estopim dos meus sorrisos,
uma onda, um frenesi total
que abrange os meus 32 motivos...

VI

Às vezes, por uma estranha mágica,
quando me deito no Jardim do Oposto
acabo cobrindo minha saudável máscara
com o meu doente verdadeiro rosto...

VII

Beber detergente e bocejar 
de universos esferas translúcidas
para a liberdade planar 
e morrer nas esquinas efêmeras... 

26 março 2025

Meltdown

Ir contra aquilo que fere, destituído do cargo na intendência, berseker da ingenuidade. Vou me acontecendo pelos cantos, desgoverno atômico, trombo-me baques de tempestades no faiscar dos escudos inúteis, atravessam espadas nos ouvidos...
Tomado o forte extracorpóreo, confundem-se os sentidos, nunca houve setas, destinos, métodos, nunca houve razão aristotélica, platônica, proletária...
No culto de Ouroboros, reviro em transe os olhos quando o impacto sabor da cauda dracônica se revela e minha língua arde os eternos scovilles, escalas sem parada em derrocada abaixo, morro abaixo, descarrilho...