Canzone



0 commentaria
Amore, amore mio,
entardeci vazio
do seio teu...
Não mais augures místicos -
poemas apocalípticos -
não mais eu!...

No prado do martírio
cansei do meu delírio
compulsão,
matei minha alfazema,
sofrendo de enfisema,
de paixão...

Amore, tutto cuore,
mais nada me colore,
tu somente...
Só tu, em quem confio, 
só tu, meu bem, meu lírio
penitente... 

E brinco - ignoro
meu nome, tento o choro,
mas desisto...
A saudade é um fio
de sabre tão sombrio
quando insisto...

Simulacro



0 commentaria
Daquilo que era realidade,
da poesia primogênita,
da simples capacidade
da rima brutal e frêmita,

daquilo que é preterido
e que subverte o capital,
daquilo que nunca foi tido
como verdade universal,

da luz que se impõe limite
e serve pra fim algum 
além daquilo que transmite
o ideal de não ter nenhum,

daquilo que foi romance
ou do que pensava sê-lo, 
da eterna performance
de obter o perfeito apelo,

daquilo que o verbo encerra
e dá-se por satisfeito -
um eco no seio da terra
de um tempo liquefeito... 

Poemas de Clara Heilege



0 commentaria
I

Assim me encontra a nova melodia
nos prados florescidos pelo medo, 
por onde fui profusa desde cedo
cantando como a dor me despendia..

E fui me tresloucando dia após dia
à margem da razão, do seu enredo
qua a mística intenção do meu segredo
somente por mentir se compreendia...

Por dentro do meu corpo campanário
relutam os espectros do contrário
despedaçado e crivo coração...

E os olhos que te fitam se reviram, 
tanto em teus olhos belos refletiram
que responderam Cristo: - Legião!

Por ti desejo ser assassinado...



0 commentaria
Por ti desejo ser assassinado
e a febre que me toma, repentina, 
sustenta meu delírio depravado
e a morte pelo amor se desatina!...

Vem matar-me, não deixes que assombrado
meu verbo, que por tudo mais opina, 
te conjugue piedoso e amedrontado, 
que me adora e que nunca me assassina!

Enfim, quando cravar o teu punhal
na insignificância, transversal,
que impera quando penso na existência, 

enfim, quanto a sofrer, seria igual 
à dor que escorre o chão do hospital 
na madrugada em muda recorrência...

Stims XI



0 commentaria
Da sensação o tempo percorrido
de quando os átomos chocam 
no afeto prazeroso e mantido
onde os dedos curiosos tocam...

Das ondas de acordes dissonantes
que vibram cordas de tessitura, 
no sexo que nos esconde instantes - 
permanência rara de textura!... 

Das Noites I



0 commentaria
Imoral desnuda-se e não difere
a própria persona - quase pessoa
que a dos seus pais nega, porém ressoa
no trejeito o timbre que se transfere. 

Diz verdades castas a quem se fere 
da simplicidade, seja má ou boa, 
nunca indiferente, mesmo que doa,
admira cruel, o que lhe confere

memória da infância, incandescência
antes da invasão que rompe a consciência
e dá vida a si, no meio da sinapse

perde-se no quando que é onisciente, 
longe da dor real que tudo ressente, 
start de explosão que escurece no ápice... 

Avulsos Atípicos (Hack Mod)



0 commentaria
1

Latindo americano 
"I am" de cachorro - 
vira lata suburbano, 
revólver de esporro... 

2

Arábicos numerais sem graça
que nenhum poeta adulto 
poria num poema de pirraça, 
a menos que não seja culto. 

3

Eis o diagnóstico:
sub neandertal! 
Seja o zoológico 
teu lar habitual. 

4

Lá vem ela - rolo compressor, 
esmigalha-me em conflito, 
pensando ser mesmo dor
a dor em que eu acredito... 

5

Você que não notou 
que "emprestei" do Pessoa, 
ainda não me acabou, 
tenho muito tempo à toa... 

6

Controle medicinal - check, 
tornou-se sussurro de agonia
a vontade de dar um xeque  
no mate da minha heresia!

Sem Imagem



0 commentaria
Aqui aposto a letra
pra seu novo estímulo, 
contra o tédio surge 
o verso, que simulo

da dopamina o vício...

Lento contratempo, 
corpo estranho - cringe
ao relapso - skip! 
Nada aqui te atinge

da dopamina o vício... 

É dinossaurismo 
sem rastro ou depois - 
sem pornô, sem vibe:
"semana de vinte e dois..." 

Da dopamina o vício 

te entrego analógico, 
meu correspondente
trafega anacrônico 
e morre de repente...