Já é tarde
e meu amor anda entre corredores
espanando a poeira dos livros,
com seus óculos e maneirismos,
quando os fios de cabelos entre os lábios
incomodam feito a falta dos meus.
Já é tarde
e eu sou o ninguém a me escrever
ao som de Blacklash Blues da Nina...
Começou outro ano, marquei médico,
ombro travado...
"eu acredito que alguém colocou um feitiço em mim"
entende, baby?
Já é tarde
e meu amor explode uma hiroshima de cores
e goza comigo nos sonhos
sozinha no banheiro meia luz,
no quarto sob a sombra incógnita
imagina o diâmetro e o centímetro...
E para quando estarei pó e verme
restará a palavra eterna e não oculta:
Eu sou o judeu.
Eu sou o negro.
Eu sou a lésbica.
Eu sou o gay.
Eu sou cigano.
Eu sou o estrangeiro.
Eu sou o atípico.
Eu sou a carne pendurada às moscas
e o açougueiro com o queixo sobre as mãos
e os cotovelos sobre o balcão
observando o tráfego
enquanto não chega a hora feliz de ir embora.
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