Agora Inês é morta



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É tarde, do cajueiro a sombra dorme
deitada ao longo córrego da mágoa
que traz nos seus soluços, que se enxágua
na espuma cintilante pluriforme ... 

Rancor! Um rasgo púrpura na espádua
nos dilacera vago e desconforme - 
distinta larva rubra e liquiforme
que freme, que se infiltra forte e fátua

e rememora fundo, cava, desce
aos círculos sinistros e acontece, 
prolífera e ranúncula e urbígena

ramificada em músculos repulsa, 
se expele perfumosa e reconvulsa 
orgásmica, perene, polacígena! 

Ramal Roxo



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Ao lado da craveira dos trilhos
temos nossos barracos
e dentro: cabeças de peixes
nas mãos de nossas viúvas, 
os lenços gordurados 
fazem nós nos cabelos cinza, 
restritos de luz solar, 
contidos... 
Nos domingos de canela de fogo, 
justos e eleitos
evangelizam pelos becos 
das nossas satânicas dores
para Aquele que carece das primícias
dos nossos centavos sujos, 
noutro descarrego
expulsam nossos ancestrais, 
pisam, dão bicos nos utensílios
da nossa memória... 
Ambicionam
os seus restos de tábuas de construção,
seus restos de outdoor e placas de trânsito, 
seus restos do que sobramos, 
tão nossos... 
esses que levantam nossa austera Jericó, 
que dela chora o Josué
com sua trombeta cega, cínica, 
nela ajoelha e silencia
antecedendo o gemido gutural 
que implode seu Verbo
impotente e desbenigno
por contemplar nossa face real.

80 plus vs cybenetics



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pesquisa de fontes custo benefício 

garantia extensa

quando o fabricante tem confiança em seu projeto ele fornece mais de um ano de garantia

é notável a manipulação do sistema de selo 80 plus 
fabricantes podem usar plataformas diferentes e projetos diferentes dos que foram apresentados para o selo 80 plus com o intuito de baratear o produto
pois não há fiscalização do mesmo
problema esse resolvido com a abordagem clara do selo cybenetics
que fornece a lista completa de todos os componentes de um projeto de fonte certificado
impossibilitando a mudança 
sem que haja atualização da lista

amperagem como fator de qualidade

potência (W) = corrente (A) . tensão (V)


exemplo - 850w = 70,8A . 12V
 
Opções de projetos         *selo cybenetics 
 
nome                    volts          sc*          R$      loja

p550b gigabite    550w        bronze     359     magalu

xpg pylon            650w        silver       349     magalu

Manual do Minotauro



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E esse blogue de tiras da Laerte? 
que achado, nele tudo é bem servido... 
a novidade hermética que aperte 
o seu tronxo bolado bem lambido!

Transvó! Certa a poesia que te converte 
nesse teu traço tão desentupido, 
que do ácido me ferve teu "desperte" 
da droga que me faz ser comprimido. 

Eu não sei se ela tá careta agora, 
tanto faz qualé a fuga que vigora, 
só preciso escrever mais uma estrofe... 

E que mulher, que artista, que gogó! 
nem Moebios Madureira, seu xodó,
deixou tão belo e vasto estrogonofe! 

CEP 20785-080



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Passei dos 16 aos 22
por alguns números
na rua Álvares de Azevedo, 
da fábrica Chinezinho, 
da casa de minha tia Jô 
e do meu amor morena, 
da travessia para a escola Rio de Janeiro 
para o postinho da Xuxa... 

Naquela época era impossível 
compreender minha própria lira. 

Na aula de literatura brasileira 
sobre o Mal do Século, 
no presídio-escola Delfim Moreira, 
percebi que eu era aquela rua
e decidi assim rotular meu verso 
por falta da concepção de estética, 
encantado com a tragédia do nome 
daquela rua, daquele poeta 
que eu queria ser, que já era, 
também eu tinha tanta tragédia... 

Naquela época só era possível
compreender minha própria ira. 

Avulsos Atípicos VIII



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I

Abstraio longamente os instantes com minha raquete eletrônica, 
produzindo estalidos faiscantes da mosca mais antagônica. 

II

Carma ruim. Voltarei mosca
e não haverá mais sopa
para meu esporte olímpico... 

Outra ideia tem sido uma fosca
rima aberrante que tropa
num dobro de passo cínico...

III

O SUS é tipo um cassino, 
que acaso a casa se distraia, 
nós conseguimos destino 
com os outros da nossa laia. 

IV

Ai, que me consterna um odor, 
se aquele me tange à memória, 
e chapo aboletado na cor, 
se dela confesso uma história... 

V

Uma semana antes viro helminto 
trançado num casulo biliar, 
na espera infernal que pressinto 
que algo inda vai me chegar. 

Me ferve do estômago o domo, 
não há Sonrisal que combata
com força essa ânsia que como, 
que não me abandona, nem mata. 

VI

Noutra das minhas vidas 
onde um gerente da Adidas 
me julgava para o tronco, 

gestei da dúvida, em suma, 
se ir com meu grunge Puma
dava ares de ser bronco, 

foi prodígio de surpresa
que ninguém naquela mesa
perguntasse sobre a afronta, 

que fingi por simpatia 
que meu tênis nem sabia 
da piada quase pronta. 

VII

Queria nascer, simplesmente, 
e não me entender por nascido, 
trocar o arcabouço da mente 
por qualquer lodaçal curtido,

caçar na savana ou na neve, 
ter prole, um ninho, uma toca
e nunca reter nem de leve
mais nada que verba e provoca... 

Carta III



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Que esta lhe encontre em boa saúde. Trago as novidades de Eros, as palavras práticas dos delírios mais joviais. Minha voz inelegível procura um intérprete para velhas alucinações, arrasto o dorso pelo charco das indagações, mordido, amotinado. Subo mesas de praça e declamo novos salmos aos trabalhadores urbanos, sequestro coretos, assombro gangorras e balanços, corro os dedos pelas grades que circundam tantos edifícios, me enojo de poeira, fuligem, de gente... 
Que delicadeza, não é? Não há escrúpulo em se esconder por trás dessas miragens cômicas, porém tomo um gole a mais, embriago, a mesa não pertence à Realidade. 
Beijarei outra vez teus cabelos, Solidão? Outro soneto para quem, a Morte? Vambora que lá vem o trem! 
Eis outra era. Erguem-se novas divindades com seus pilares bijuterizados de estrelas sobre o tecido multicor das horas, seus olhos quasares lacrimejantes plasmáticos, nordestinos, risonhos, indiferentes ao significado do nosso medo, da ebulição do desejo, do cio, do cheiro dos sexos. 
Olha o assombro das potências exponenciais escravo  de um verso, enquanto derramado todo estupidez sobre alabastro dos seus... 
Neste trânsito insisto na expulsão da alma, convoco a magia espalhando essências tribais. Estendo os dedos vencidos pelo vazio deixado por seus lábios. Rogo a ti, que não és teu corpo, mas um universo em expansão, um infinito passível de toque, vivo. 
Espero agradar com esta performance, não seria possível dizer-te apenas que... 
 
Mande notícias, meu Maná. Eu tenho fome.

A consulta



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Neste quarto que o sol nunca quer,
mudas mãos nervosas nos mostravam 
a matiz roxa que aos lábios davam,
uma dor de arfar o rosicler...

Os vazios venciam cheios de quaisquer
fractais atróficos que inchavam,
pela vida que testemunhavam 
a metástase entre homem e mulher...

"Dor no peito?" Diz o frio doutor. 
"Vai ter jeito?" O interlocutor,
ajeitando as bordas do vestido

que de flores em fundo pastel 
perfumava suas dores no céu,
onde o sol não devia ser erguido...