02 junho 2025

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Passei dos 16 aos 22
por alguns números
na rua Álvares de Azevedo, 
da fábrica Chinezinho, 
da casa de minha tia Jô 
e do meu amor morena, 
da travessia para a escola Rio de Janeiro 
para o postinho da Xuxa... 

Naquela época era impossível 
compreender minha própria lira. 

Na aula de literatura brasileira 
sobre o Mal do Século, 
no presídio-escola Delfim Moreira, 
percebi que eu era aquela rua
e decidi assim rotular meu verso 
por falta da concepção de estética, 
encantado com a tragédia do nome 
daquela rua, daquele poeta 
que eu queria ser, que já era, 
também eu tinha tanta tragédia... 

Naquela época só era possível
compreender minha própria ira. 

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