Tu és da cor a música
almiscarada e nítida,
quando toco-te a verdade,
o teu pejo se enrubesce...
Se conheço o meu Amor,
ele vai por onde fujo,
nas areias ondeadas
performadas pelos zéfiros...
Se confesso o meu Amor,
ele fere, em fúria, os mares,
e nos solos dos soluços
faz-me ouvir a terra e os céus...
Se esqueço o meu Amor,
pelas trombas colunares
vai em voltas volteando,
recurvando, recurvando...
Há uma Dor que fareja
nos meus olhos que turvam
pelo caminho dos seus
a debulhar-me em sussurros,
há uma Dor que esfarela
pelos rastos, pelos rastos
as cinzas do desencontro
dos que sonham lado a lado...
Mas alegro minha graça
ao Juiz supremo e anoso,
e protejo o meu algoz
com coroa de açucenas...
Porque a música é a dor
onde habito em cativeiro,
só me basta uma fresta
para dar-te a peça inteira...
Vejo as claves deste sol,
no suflar dos sustenidos,
revelar-te o corpo vulto,
nas vibragens dos acordes
rente às hordas dos ciprestes
sobejados dos orvalhos,
onde o Nada cai num breu
que me apaga, que me esquece...
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