Olá, pessoa. Escrevo-te outra vez desta alcova craniana de fumo. Reflexivo, fico a remoer o sentido da tua bondade. Não sabes, mas és inexistente! Mesmo propícia ao toque, és a composição provável da persona que se evadiu dos meus imaturos contos angelicais, te confiro a forma, depois o sopro e por fim te imponho a lei proibitiva, logo mais voltarei com a punição do trabalho, que fará cair o caldo de sal do teu rosto, (embora valorize os fins de semana). Vem, me ame, me invente, filosofie e me mate!
Acompanho daqui os feitos sublimes do teu intelecto. Que bênçãos tuas mãos, quando, disforme, meu corpo contorcia cada músculo teu, quando era meu prazer não circunscrito tua cabeça em moldes diversificados e a embrionária culpa que te servi no colostro místico, dei-lhe todo o vazio do espaço, como mamaste!
Que produtivas tuas mãos. Quando o desejo de romper com a ordem levantava a primeira horda de poetas cadáveres e elusivos, viciados em haxixe, ópio, álcool, nicotina, likes, palmas, miséria, dores falsas, sarjetas, flores malignas, liras, cuícas, pó, tuberculoses e fomes, todo meu catálogo de viagens lhe foi oferecido e outras coisas mais, pois a blasfêmia é nada. O convite para dança macabra, o contágio da música, dos rebolos em fodas vagas, das novas maresias corrosivas, dos simulacros da gênese, pinceladas fugazes, tilintar de esculturas do oriente ao ocidente revelavam as maravilhas sublimes do teu estro ou chico, os covens ebulidos... Eu que pari a dança, me arrisco? Não tenho ritmo, iancurtizado, estremelico vergonhosamente.
Nunca poderás me perdoar, me acredito. Sonhar-te real sob a abóbada celeste é dolorido. Tu, prenhe do que me foi negado, não compreendes quão grave é a maldição desse meu estado divino e grotesco, quero o bom aroma do teu sacrifício, estou esquálido, apático, deprimido, chué...
O quanto ainda pretendo lamentar, enquanto a vida derrama sobre lábios preteridos o bálsamo ideal dos sonhos?
Rendei graças, dê notícias, faça milagres, mande um zap!
Aqui da várzea de lágrimas, dos teus em um.
2 commentaria:
que lindo. me ambientei num Rio antigo, de coisas viv(i)das e de gent(e)s.
Que joia, Alessandra, és conterrânea no estado e na arte!
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