Ramal Roxo



0 commentaria
Ao lado da craveira dos trilhos
temos nossos barracos
e dentro: cabeças de peixes
nas mãos de nossas viúvas, 
os lenços gordurados 
fazem nós nos cabelos cinza, 
restritos de luz solar, 
contidos... 
Nos domingos de canela de fogo, 
justos e eleitos
evangelizam pelos becos 
das nossas satânicas dores
para Aquele que carece das primícias
dos nossos centavos sujos, 
noutro descarrego
expulsam nossos ancestrais, 
pisam, dão bicos nos utensílios
da nossa memória... 
Ambicionam
os seus restos de tábuas de construção,
seus restos de outdoor e placas de trânsito, 
seus restos do que sobramos, 
tão nossos... 
esses que levantam nossa austera Jericó, 
que dela chora o Josué
com sua trombeta cega, cínica, 
nela ajoelha e silencia
antecedendo o gemido gutural 
que implode seu Verbo
impotente e desbenigno
por contemplar nossa face real.

0 commentaria: