Escrever listas, poemas, prosas, pastiches, pinturas, devaneios, preguiças, desesperos, nasceres e morreres, palavras difíceis, inventar palavras, destruir palavras, palavras, sentenças, orações, a língua portuguesa, sotaque português, sotaque nordestino e nortista, gírias mil, palavrões cabeludos e hirsutos, referências de obscuras ao pop, contradições matemáticas, os bigodes de Nietzsche, de Cruz e Sousa e de Machado de Assis, o erotismo de Gilka Machado, chamar Gilka Machado de vó, rimas da classe mais baixa, a métrica, o verso branco, o cativo e o livre, sinestesias lisérgicas, descobrir bandas ou cantores depressivos, fumar maconha para ouvir música, descobrir escritores anônimos geniais, comer nuts enquanto assisto MasterChef, acertar um combo bom em Mortal Kombat, andar de moto na chuva, construir algo e depois olhar pensando: "fui eu que fiz essa porra!", aprender coisas novas só porque sim, hiperfocar na Segunda Guerra, dar paulada na cabeça de nazista, tocar bossa nova, aprender um acorde complicado, decassílabos simétricos, versos que fecham com Satã, mitologias judaico-cristãs, versos de Cartola, melodias do Tom, gatos gordos se espreguiçando, poetisas intensas, poetisas rasas, poetas gays, poetas atormentados, espelhos antigos, ciências ocultas, misticismos regionais, a ambiguidade da palavra essência, corrigir métrica e sintaxe, riff de contrabaixo minimalista, o Delta Blues, rir de humor de constrangimento tipo The Office, buscar referências em obras musicais e de literatura, entender como funciona algo mecânico, customizar coisas incustomizáveis, acordes dissonantes, contrastes absurdos, estereotipias sem culpa, pesquisar custo benefício, o dia que consegui casa própria, andar pelado em casa em dia de verão, fazer amor com amor, acompanhar o crescimento das plantas, o florir da flor de maio, ganhar algo para comer, comida apimentada, comer até explodir, psicodelias underground, cafuné para dormir, beijo afrodisíaco, conversar sobre algo que não sei com alguém que sabe muito mais, mulheres mais inteligentes que eu, livros antigos, cheiro de folha passada em mimeógrafo, proparoxítonas, mangás de ero-guro, filmes do estúdio Ghibli, sexos orais, bolo de aipim, cafezinho da tarde, ouvir meu nome da boca de quem tenho apreço, perfume amadeirado, ouvir declamar um poema meu, desenhar olhos em reunião, ficar em casa a toa vendo vídeos no YouTube, jogar vídeo game quando quiser, organizar livros, fazer faxina ouvindo Smiths ou The Cure, morar no meio do mato, ser bicho do mato, a cor verde, provocar riso de criança com algo inesperado, fingir ser burro para alguém que eu amo se sentir mais confiante sobre si, peças de Shakespeare, solos de flauta doce, pudim bem feito, afinações abertas, mistérios do cosmos...
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