Carta III



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Que esta lhe encontre em boa saúde. Trago as novidades de Eros, as palavras práticas dos delírios mais joviais. Minha voz inelegível procura um intérprete para velhas alucinações, arrasto o dorso pelo charco das indagações, mordido, amotinado. Subo mesas de praça e declamo novos salmos aos trabalhadores urbanos, sequestro coretos, assombro gangorras e balanços, corro os dedos pelas grades que circundam tantos edifícios, me enojo de poeira, fuligem, de gente... 
Que delicadeza, não é? Não há escrúpulo em se esconder por trás dessas miragens cômicas, porém tomo um gole a mais, embriago, a mesa não pertence à Realidade. 
Beijarei outra vez teus cabelos, Solidão? Outro soneto para quem, a Morte? Vambora que lá vem o trem! 
Eis outra era. Erguem-se novas divindades com seus pilares bijuterizados de estrelas sobre o tecido multicor das horas, seus olhos quasares lacrimejantes plasmáticos, nordestinos, risonhos, indiferentes ao significado do nosso medo, da ebulição do desejo, do cio, do cheiro dos sexos. 
Olha o assombro das potências exponenciais escravo  de um verso, enquanto derramado todo estupidez sobre alabastro dos seus... 
Neste trânsito insisto na expulsão da alma, convoco a magia espalhando essências tribais. Estendo os dedos vencidos pelo vazio deixado por seus lábios. Rogo a ti, que não és teu corpo, mas um universo em expansão, um infinito passível de toque, vivo. 
Espero agradar com esta performance, não seria possível dizer-te apenas que... 
 
Mande notícias, meu Maná. Eu tenho fome.

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