Carta XI



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Certo de que lhe prometi resignação versificada, procuro entre os arquivos daqui, dali e pronto! documento lavrado no cartório Angenor de Oliveira, que descreve: 
Para todos os fins, seja dada a proibição contínua de escrever-te ou descrever-te, até a segunda ordem.
Porém, arrisco-me, subversivo, ao verso, no disfarce de prosaicas imagens discursivas.

À mesa, sob a bênção lunar, sentamos na partilha do silêncio. Há qualquer humor infeliz que te escolta, um cheiro peculiar, além do costumeiro de mentiras. Embaraçado, tento decifrar-te, já que para os autos do ofício, ainda posso te fingir de Esfinge.

E nada mais. Concluo o caso como o arquivo: indefinido. Tudo bem, amor. Quaisquer que sejam tuas queixas inéditas, existe um raio de sol por onde a glória da guilhotina desce sua bênção avassaladora e, Deus o sabe, que desde moço o meu pescoço pontilhado espera, ultraromanticamente, espera...

2 commentaria:

Izabela Cosenza at: 15 de março de 2025 às 04:31 disse...

Bonito esse, Davi. A citação, o sentido, o silêncio sonoro, o pontilhado na pele.

Davi Machado at: 21 de abril de 2025 às 17:30 disse...

Thanks! Li um teu parecido recentemente.