Carta IX



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Ao perguntar se estou em crise por qualquer falta minha, quer seja de manejo ou trato correto do verbo transitivo, torna-se capacitismo? Aqui tendo a rejeitar a ideia de dicionarizar a palavra capacitismo. Também estou pelado da vontade de fazer sentido. 
Prestes a conhecer o meu planeta, embora certo que esteja pra lá de Sirius, esquina com Andrômeda, não posso deixar de persuadir a ânsia a calar-se. Meu planeta Crise; luas afetadas, anéis de autoflagelo, atmosfera de bad vibe. 
Defina crise:
Um tardígrado em órbita social pode sobreviver exatamente em quanto espaço-tempo? Mentira, não sou tão resistente, é bem verdade, mas estou vivo, acho... É o que conta! 
Desde sempre imitei os cultos ou os que julgava cultos, na esperança febril de um lampejo, de uma saliva pro meu boneco de barro, para que com essa conquista incorporasse o meu mito de criação, minha start-up ou ONG do verbo. 
Culto ao Cartola, culto a Jesus, culto a Eros, Dionísio, Kali, Shiva, Ogun, Exu, culto a Azazel, culto ao Homo Sapiens, ao Bob Dylan, Patti Smith, Billie Holiday, culto ao Vincent, ao Lambari... Eu sou um idólatra incontido. 
A poesia está na caixa de Schrödinger... O verso-não-verso até que não leiam e o leiam. Abrindo as portas para todos os mundos não possíveis. Vi isso em uma série da Netflix, ou li no Bhagavad Gita?... Tanto fez, tanto faz. 
Agora tudo é crise.
O país acabou.
A paciência ruiu.
A guilhotina emperrou. 
A receita voou pelos ventos de maio e eu não sei a cor da tarja que me pertence.

Então vamos, meu cúmplice, correremos na orla por essa neblina de outono, nada mais será culpa do Homem. 

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