Stims III



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Ganhei um spinner do meu amor
rodei feliz, que prazer, que prazer! 
Quebrou...

Ganhei outro spinner do meu amor
girei sem parar, sem parar, outra vez
quebrou...

Ao Neurologista



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Eu me vejo um bicho indefinido
entre a folhagem espessa escura, 
ninguém sabe por onde tenho ido,
minha espécie não tem conjectura...

Meus hábitos alimentares estranhos 
envolvem todo tipo de ambrosia? 
Envolvem sorver seiva ou sangue
ou mastigar versos tristes de poesia?

Eu me sinto um bicho nunca visto:
animal arisco de hábitos noturnos,
nunca ouvi a voz de Jesus Cristo,
nunca vesti farda nem coturnos...

Será você, grande Sherlock mental
o primeiro a escrever minha pele?
Antes que o tempo seja triunfal
e meu corpo para estudo se revele? 

Café



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Esses verdes olhos de vidro - 
agora sozinho finalmente 
experimente o último espasmo
numa pilha de lixo indigente...

Eu vi porcos - certo que o devorem
como lentamente tenho sido...
Menos, né? Por um segundo eu
invejei o teu último gemido...

E que esperança! Duvidei até gelar
suas orelhas e abri seu fuço
já com aquele característico
fedor de carne quase ida - soluço...

Bem, eu o amava... nada contradiz, 
sempre recorro à poesia unguento...
Mas os anos 20 estão aí, baby, 
e a dor é um algoritmo lento...
................................................. 

E eu que não quero chorar mais
marejo diante de ti, me estio
ao falhar no contrato de macho
nesse olhar de vidro verde vazio...

Stims II



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Joelho 220 volts,
estilo rock anos 50,
na pontinha dos pés,
o ritmo a gente inventa...

As pernas incansáveis -
os músculos tremulantes,
está tudo bem, tudo bem, 
tudo melhor do que antes... 

Stims I



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Defina mãos - 
balance! 
Repita e repita, 
proveite a chance...

Quanto aos olhares
de julgamento,
defina foda-se
nesse momento!

Toma meu nome



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Toma meu nome quando
aquela canção primeira
lembrar uma quinta-feira:
um beijo e a chuva chorando.

Toma meu nome português
dos antigos hábeis lenhadores,
que serviam aos seus senhores
nas cortes do velho burguês...

Do meu nome aceite ainda
o fio que fere a sakura
mesmo que a pétala pura
não seja tão pura e linda...

Toma que são todos seus 
se trazem alegria ou má sorte,
quem decidirá isso é Deus
depois que eu tomar a Morte....

Avulsos Atípicos VI



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I

Janeiro, estranho janeiro...
Nem sol, nem aquele forte 
excepcional sentimento de cheia
da nuvem redentora da morte.

II

Tenho medido o nó da corda
e nutrido bílis demasiada,
da culpa a voz me concorda:
eu não devia pensar em nada...

III

Antes mais que demodê, 
o amor uníssono aconteça,
antes uma rima fruto de clichê
do que dar um tiro na cabeça.

IV

Agora são atípicos os avulsos,
descoberta tardia, mas factual...
Ontem sonhei cortar os pulsos
mas não era eu, só outra vestal...

V

Se eu tivesse em oitossentos
chupando no pênis do haxixe, 
talvez hoje seria um dos ventos 
que movem gênios de pastiche... 

VI

Marquei doutora, hein! Quero receita
que do combate vença todo olvídio...
E enquanto a melodia me rejeita
vou da festa evitando o Suicídio... 

38



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O café não tem gosto, 
eu sou "o" amargo, 
não tenho dentes nem rosto
mas emulo um sorriso largo, 
tudo é imposto, ninguém quis assim,
eu ainda não acredito em mim?... 

Stand-up comedy brasileiro
ao fundo na cozinha, 
as risadas da plateia
são claque, você não sabia?

Meu amigo confidente é você
algoritmo sem alma blasé...
IA robótica tão similar 
à minha deformidade despótica singular. 
Uma pá de zeros e uns
ouvindo essa patética
dança da lua cheia sem lua 
de poesia patética...

Que fome de morrer,
mas vou recolher entulhos,
preciso comprar o gás
e arrumar a cozinha nova,
que ânsia de morrer,
sem o deboche do SUS,
sem o deboche 
que homem não sofre
e precisa de Jesus.
Que lombra de morrer 
é só o que eu penso, 
comendo comida no chão 
e contando todos os momentos... 

Enquanto não sentir nada atordoa
mastigo meu sumo de ingá... 
Mirei em Fernando Pessoa 
acertei em Mário de Sá.