Avulsos Pós-Punk IX



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I

Os sorrisos que se dissolvem 
nas bocas murchas
dessas velhas roucas de Marlboro - 
primos distantes 
dos risos das prostitutas 
grávidas do seu próprio choro...

II

Cinza e pó 
o resto é o nada... 
a negação
da salvação 
na encruzilhada... 

Coro de anjos - 
sinos plangentes! 
a revolução 
é a compulsão
dos impacientes... 

III

Às vezes, quando por acaso
encontro os seus olhos irmãos,
apaixonadamente assustado
escondo meu rosto com as mãos...

IV

O teu presente... qual!?
Serás o estopim dos meus sorrisos,
uma onda, um frenesi total
que abrange os meus 32 motivos...

VI

Às vezes, por uma estranha mágica,
quando me deito no Jardim do Oposto
acabo cobrindo minha saudável máscara
com o meu doente verdadeiro rosto...

VII

Beber detergente e bocejar 
de universos esferas translúcidas
para a liberdade planar 
e morrer nas esquinas efêmeras... 

Meltdown



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Ir contra aquilo que fere, destituído do cargo na intendência, berseker da ingenuidade. Vou me acontecendo pelos cantos, desgoverno atômico, trombo-me baques de tempestades no faiscar dos escudos inúteis, atravessam espadas nos ouvidos...
Tomado o forte extracorpóreo, confundem-se os sentidos, nunca houve setas, destinos, métodos, nunca houve razão aristotélica, platônica, proletária...
No culto de Ouroboros, reviro em transe os olhos quando o impacto sabor da cauda dracônica se revela e minha língua arde os eternos scovilles, escalas sem parada em derrocada abaixo, morro abaixo, descarrilho... 

Mas tenta



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Esses versinhos
chispam ilusões 
do teu cérebro elétrico 
que imagifica
da lâmpada sináptica
ao estúdio egoísta, 
na mixagem da tua voz
com tua escala de ídolos... 

Mas tenta - 
compõe decrescente 
até sumir-te
o tom... 

Que te perfume 
o falso senso eloquente 
de toda cor 
no som... 

Avulsos Pós-Punk VIII



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I

Nem as meninas de óculos
curtem meninos de óculos...

É o cúmulo!

II

As redes sociais 
capturam peixes, eu incluso, 
que, orgulhosos de suas escamas 
reproduzem brilhantes peixografias 
de seus sucessos de nado(a), 
quanto mais valorizam 
seu recife de corais,
mais iguais... mais iguais...
no abissal da cadeia alimentar. 

III

Olha
meu poema tardio
que nos sugere suicídio,
mas eu não vou...
minha mesa de livros
nessa bagunça organizadamente 
planejada...
minha canção do momento 
oportuno,
minha paisagem capturada
nos cafés meia luz meia foda...
Olha 
meu poema novo
cheio de referências difíceis 
onde preencho o vazio
deixado pelos meus pais... 

IV

Pensei em compor um poema
somente de emoticons...
Eu seria pioneiro 
na vanguarda do emoticonismo
como o rei Salomão,
meu filho,
foi o pioneiro na arte da sedução 
em que o único argumento é ter grana. 

V

Sempre que te vejo
por essa janela do abismo
sinto um suave gotejo
do velho ultra romantismo...

VI VI VI

Porque os números romanos
emprestam um arzinho de classe,
são como amuletos da sorte...
como se Satã se importasse... 

Lucífera



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Eu não sei qual é teu existencialismo, 
se existes de fato ainda, feito a prova
que o ideal diário sempre renova
cair na compulsão do perfeccionismo... 

Deu-se em luz - contrário ilusionismo, 
nele cismo, troco seu truque e trova
no laboratório da minha alcova
descubro-te na fórmula do abismo...

Revelada como arte branca e preta, 
feminil, melódica, sã, completa
e moderna - julgo-te em captura

bêbado de fótons - eu radioativo
decaído elemento primitivo - 
depressiadíssima nova criatura!...

Avulsos Pós-Punk VII



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I

Cruz e Sousa não me ouça,
não trema suas ossadas,
enquanto eu lavo a louça
compondo essas paradas...

II

O Caetano caga! 
O Caetano é praga,
o Caetano é rico, 
me faria de penico!

III

Onde queres sofia, sou revólver,
onde queres comida, sou o "não",
onde queres querer, passo vontade... 
onde queres o luxo, eu limpo o chão!

IV

Casimiro preso aos oito anos 
nos livros de português,
nunca vê crescer seu bigode... 
sem tuberculose dessa vez... 

Avulsos Pós-Punk VI



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I

Ame
e dê a cara a tapa, 
pois 
dar a cara a tapa
é dar a cara a tapa.

II

Perfeito nojo
julgador
desestrutura num beijo
furta-cor
do punho serrado
de qualquer um
que se atreve a viver
sendo incomum.

III

Pobre do pobre que nota
que não é feliz,
pobre do pobre que vota
nesse meu país!...

IV

Não sei, 
vovó Gilka Machado,
me tornei
o teu "Cristal Quebrado"?... 

Drowned Blues



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I'm so down... 
I do not know what to do now, 
time is the law 
his hammer echoes a fleeting sound, 
I took myself hostage, 
just to sing sad in this old cage... 

Tell me the truth! 
You never met someone like me, 
so ugly and poor, 
how much a skinny dog ​​can be, 
I will throw the broken bone 
until my soul hears: it's done!

Drowned in the blue... 
believing that I was really full, 
when I felt for you, 
something that was deep and pure, 
but nothing is as we suppose
only learn this who knows how to lose...