5 de dez. de 2024

Status

Meus pontos de vida aflitivos
num pixel mágico delirante...
Em minha defesa protestante
invoquei escudos primitivos,

evito os danos consecutivos,
mas até quando? o turno avança 
enquanto o meu ataque não te alcança
na terra dos feitos punitivos,

embora evasiva a condição,
calculo os meus pontos de ação 
no lance mordaz de um dado místico,

e o dano, como o arco da paixão
contundente quebra o coração 
e acerta o malogrado erro crítico!...

3 de dez. de 2024

Sensorial

Há qualquer coisa em mim 
que se debate
e convulsa alienada 
quando o mercado está cheio...

Não vejo os preços, só as luzes
e todo esse tiroteio de vozes,
esses lança-rojões 
na sessão de frutas e verduras...

Tem muito cheiro,
variedades de desinfetantes...
Tem muita carne
e há algo podre no úmido escondido...
Tem muita gente
que sorri intuitivamente...

Minhas mãos gesticulam
embora eu tente reprimi-las,
só há oxigênio lá fora
na calçada dos desafogados...

Brutalismo

Elegante monocromo
erguido por mão futura, 
eu me me pergunto - como
foi feita a arquitetura
tão mínima e tão tônica - 
faixada de nuvens gris
falsa e babilônica, 
altiva imperatriz. 

Erro por teus andares, 
procuro meus iguais, 
procuro por Antares
nos sinos das catedrais...
E teu timbre grave soa
um fá sustenido lento... 
E o desejo, embora doa, 
é levado pelo vento... 

11 de out. de 2024

Avulsos Atípicos (Hard Version)

 I
Vermelho o grito medonho 
insulta a deus, é um sonho
sumir diante do absoluto 
sem fim, sem adeus, sem luto...

II
Há meses um npc 
de survival horror...
quem me dera você
soubesse me impor

qualquer comando -
algo mais, um sentido
nesse quando em quando 
nunca concluído.

III
Mesmo a ausência 
torna-se incompleta -
a vida é uma evidência 
de uma falta abjeta.

IV
Até quando levar as mãos à fronte,
afundar o crânio entre dez dedos,
na procura infantil alucinar o horizonte 
no furor inalcançável dos segredos?

V
Será você, leitor, o Anjo da morte
no deleite dessas vicissitudes,
será o meu amor, minha consorte 
no mistério dessas amplitudes?

VI
Salve, Abramelin!... Adramelech,
maldito o arco-íris do teu plasma!
Ah, não importa quanto eu peque 
sempre há mais narina pra miasma!

VII
Já já a boca nunca mais diz...
Já já não sobra um relato...
Já já não será mais o infeliz 
que em vida vive putrefato...

Hikikomori


Olhos abertos, outro dia sem rosto
sorrindo sépia sempre compassivo
ao discutir sobre o competitivo
capital nulo que nos será imposto.

Aristocrata o Sol - um rei deposto, 
não tem nenhum decreto conclusivo
sobre o não ser ou ser improdutivo, 
mesmo completamente decomposto...

Sair de ti à luz? Que superestimado
esse convívio humano quando é dado
ao mal comum - disfarce de empatia.

Sair de ti é luz, desse quarto apagado
planejo o não viver obcecado
por outra novidade ou nostalgia...

13 de mai. de 2024

Avulsos Atípicos V

 

I
Diante do óbvia negativa planejo
deitar o meu desterro pessimista
igual a quem despede-se com beijo 
não tendo do futuro uma só pista...

II
Boneco cenográfico – emulo 
a lógica aparente que espero,
mas todo meu esforço é nulo,
eu sou a divisão por zero...

III
Se chego – chego depois deles...
Se vou – eles já estão lá...
Se quero – nunca é como aqueles...
Se estou – tudo já não há...

VI
Itero sobre todas as perspectivas, 
Prolixo – esfinge magra e estranha,
intento mil telas intuitivas
com olhos de uma dor castanha...

V
Dentro do espectro imaterial 
move-se o intelecto sub-humano...
Eu sou o último Neanderthal 
que ainda não entrou pelo cano...

8 de mar. de 2024

Sonho

 I
A pretensa liberdade 
confina dos olhos a luz
da probabilidade existir 
no desejo que seduz

Financeiro e conveniente 
para quem nunca pode ser,
mas para o mundo quem tem
é feito daquilo que obter.

Conquista efêmera e
frágil cristal impoluto,
hora tombado à realidade,
hora intocado, absoluto!...

II
No entanto, para mim,
cada dia é um novo lucro,
estarei perto da dignidade 
quando deitar sobre um sepulcro...

Nada que tenho me tem,
nem me confundo com a matéria,
o que eu sou é apenas carne
que envolve uma alma etérea...