24 de ago. de 2022

Olho-te, lentamente, 
Em teu rosto o longe branco 
Cetim, em teu rosto o mármore 
Da arte romana e trágica...
Nada mais que solidão.
Sozinha assim, com suas fotos,
A tua intenção é tão pura,
Translúcida...
Te falta confiança? 
A tua imagem é o que se produz
Do seu intelecto, 
Mas distante... 
Não me leve a mal, 
Estou a par que todo humano caga, 
E tem seus medos, obsessões...
Olho-te, atentamente, meu eu comum 
Ensaia o momento e o romance.
Sorrio...
Não sei quem você é, meu bem: 
Ave de rapina. Teu pio - mal agouro
Ecoa noite adentro e morre. 
E me mata...
Te falta mais idade?
Eu arranquei as tuas folhas
Naquele sonho tardio, muito embora
Estivesse nua com toda essa palidez,
Eu só te via o cérebro...
Olho-te há tempos, não sei o que vejo
Além do teu espelho e penso:
A quem ela quer convencer?
Talvez conhecesse a mesma dor
De não poder repartir comigo 
Esse presente, esse instante...