10 de ago. de 2018

A piada


Quando chorei pela primeira vez
nos braços da mulher que me pariu,
eu já sabia inconscientemente
que é preciso alguma forma de alívio.

Mas depois de tantos anos eu ainda
inconsciente desta forma de parir
serro meus dentes no instante incerto
e procuro um motivo para sorrir.

Vou sorrindo pelos cantos feito louco,
e meu demônio no interior se cala
e devora meu espírito pouco a pouco.

E depois de tanto riso espontâneo,
pego um espelho e examino delirante
a delinquente imagem de um farsante...

Um comentário:

  1. Grata surpresa voltar e ler os teus poemas. Noto uma direção diferente em relação a escritos mais antigos.
    Muito bom mesmo o soneto.

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