10 de set. de 2018

Ando pela calçada da Carioca até a Praça Tiradentes. Meus olhos rasos d'água suja... Penso no completo vazio e quase deixo desabar o ânimo, porque não há vazio completo. Cansei da minha voz macilenta, rancorosa, dos murmúrios internos, mas... sei que não é nada disso.
Procuro poesia nos anúncios pornográficos que se espalham pelos postes e orelhões já obsoletos, mas a poesia é obsoleta. Há travestis lindíssimas que precisam de dinheiro, há instrumentos musicais que são sonho de consumo, há striptease e filmes eróticos a preço de banana, e os cafés antigos sofisticados de poeira, sebos que me sabem desde a infância, há motivo para o desespero.
Aquele coroa de olhar distante... semblante opaco, fronte enrugada... Sento ao seu lado e o acompanho no hábito impuro: "tem isqueiro?"
Examino, sem levantar, o monumento. Que restauração! O velho se despede e enfim deixo acontecer algum tipo novo de choro. Soluço até a derradeira gota.