8 de mar. de 2024

Sonho

 I
A pretensa liberdade 
confina dos olhos a luz
da probabilidade existir 
no desejo que seduz

Financeiro e conveniente 
para quem nunca pode ser,
mas para o mundo quem tem
é feito daquilo que obter.

Conquista efêmera e
frágil cristal impoluto,
hora tombado à realidade,
hora intocado, absoluto!...

II
No entanto, para mim,
cada dia é um novo lucro,
estarei perto da dignidade 
quando deitar sobre um sepulcro...

Nada que tenho me tem,
nem me confundo com a matéria,
o que eu sou é apenas carne
que envolve uma alma etérea...

Afasta-te!

Afasta-te, loucura! Tua boca em segredo 
procuro examinar no silêncio metódico...
Entre teus lábios nada se encontra de lógico,
como na humanidade, conhecer traz medo...

"Cala-te, coração!" Diz meu espírito quedo,
calejado de agruras, preguiçoso e módico,
afeito às ilusões de algum prazer melódico,
que soube errar bastante desde muito cedo...

Pois tua boca e teus lábios têm me aprisionado 
e por mais que eu me aflija, desarticulado,
não consigo escapar, tamanha é a gravidade...

E já não é o mesmo tempo, nem meus sentimentos,
tudo se faz ternura - horizonte de eventos,
neste espaço entre nós já não há realidade...