4 de jan. de 2025

Rascunho

Não à rima manjada,
métrica e aliterações,
só carne crua...
Não à rigidez continua 
dos pontos e vírgulas 
deslocados,
eu me despi do objeto 
substituindo a fantasia do desejo 
de ser...

Eu sou o quase 
na fronteira do vale mortífero,
meus livros?
Não me salvam...
Amigos?
Não confio...
Humano demais para não punir 
meus desafetos infantis 
com o choro do silêncio 
pretensamente imbecil...

A cada instante confundo a lucidez 
cogitando a morte,
a qualquer segundo as árvores dançam o vento 
ritmando a morte,
a velha melodia de um artista adicto
intimando a morte,
as cores de Vincent e o Dante de Dorè
suspirando a morte...

Não ao cigarro e ao álcool 
e a Baudelaire,
não ao voto nulo e a Marx
e à esperança primeira 
da ideia, do conceito 
do rótulo e do fim,
não à utilidade do eu
sombreado pelo capital sedutor...

Eu sou um quase 
entre muitos reincidentes,
revirando cambalhotas 
nas ondas do tempo pérola 
onde como ele - mar,
quase também não existo.