Não à rima manjada,
métrica e aliterações,
só carne crua...
Não à rigidez continua
dos pontos e vírgulas
deslocados,
eu me despi do objeto
substituindo a fantasia do desejo
de ser...
Eu sou o quase
na fronteira do vale mortífero,
meus livros?
Não me salvam...
Amigos?
Não confio...
Humano demais para não punir
meus desafetos infantis
com o choro do silêncio
pretensamente imbecil...
A cada instante confundo a lucidez
cogitando a morte,
a qualquer segundo as árvores dançam o vento
ritmando a morte,
a velha melodia de um artista adicto
intimando a morte,
as cores de Vincent e o Dante de Dorè
suspirando a morte...
Não ao cigarro e ao álcool
e a Baudelaire,
não ao voto nulo e a Marx
e à esperança primeira
da ideia, do conceito
do rótulo e do fim,
não à utilidade do eu
sombreado pelo capital sedutor...
Eu sou um quase
entre muitos reincidentes,
revirando cambalhotas
nas ondas do tempo pérola
onde como ele - mar,
quase também não existo.