6 de ago. de 2023

Carta III

Que esta lhe encontre em boa saúde. Trago as novidades frias, as palavras práticas dos delírios mais joviais. Tiros de advertência. Minha voz inelegível procura um intérprete para velhas alucinações, arrasto o dorso pelo charco das indagações inúteis, como igual inútil.
Que delicadeza, não é? Não há escrúpulo em se esconder por trás dessas miragens indescritas, porém aqui e ali tomo um gole a mais da taça de cicuta na mesa da realidade. Beijarei outra vez teus cabelos, solidão? Outro soneto para ti, morte?

Eis outra era. Erguem-se novas divindades com seus pilares encrustados de estrelas sobre o tecido das horas, seus olhos quasares que lacrimejam o plasma indiferente ao significado do medo. O assombro das potências dobrado, cativo de um verso, enquanto me derramo todo estupidez sobre alabastro edênico dos seus seios...
Neste trânsito insisto na expulsão da alma, convoco a magia espalhando essências pelo quarto sépia. Estendo os dedos vencidos pelo vazio deixado por seus lábios. Amor, tu que não és o teu corpo, mas um universo vivo.

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