28 de jul. de 2023

Bioma

Verdes manhãs, filhas do inverno!
O pássaro compõe, o vento inspira
folheando esse Tolkien sempiterno 
como uns dedos a ferir uma lira...

Sou do triste idílio um subalterno
e da minha toca aponto a minha mira
e disparo ao silêncio e ele terno
dá de ombros, sorri e também suspira...

Oh, velhas deidades circundantes
deste vale onde nós somos amantes -
Montanhas que vigiam o meu coma.

Lentamente transfiguro-me com calma
decompondo minha pele, minha alma
sobre o leito pueril do teu bioma.

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