15 de dez. de 2023

Carta VIII

Sabe, esse tipo de psicose, esse tipo aqui, leva qualquer um a converter-se. 
Comigo? Não. Pergunte a quem for: "ele crê?" te dirão: "ele é quem?"
Atravesso meio Rio até Botafogo. Acredita, na última eu me abri à doutora. 26 anos a doutora. Residente. Que desespero, meu querido, meu adorável cerebelo! Porque não te metes a dar com tua massa na parede até que te escorra pelo esgoto?...

Já sentiu vontade de dar com a cabeça no maciço? Era prática comum, na longe década, dar murros em aparelhos cansados de trabalhar: "vamos! (porrada) que a novela já vai começar, devia ter comprado uma Sharp!" 
Bem, certamente a doutora está cumprindo a burocracia do receituário. Proletária, tadinha. "Daqui três anos sou psiquiatra, lá com 29!" Disse sorrindo, ainda branca demais pra comer tutu. 

Então meu amor, minha gatinha, veio com umas de que eu preciso mesmo de ajuda. Ainda sou infante pra certo tipo de sarcasmo, como um arruinado mental precisaria de ajuda? Não! Devo correr nu pedindo pontapés no meio dos olhos! Um cuspe, um escarro por favor, que ainda é pouco a nota dó que se repete constante ao fundo, o bar fechou e eu ainda danço...

Algumas vezes pude até sentir o cheiro de podre, feito um anúncio da profecia familiar. Costumo vomitar nos outros, depois reflito: "é, vomitei..." Como se o óbvio usurpador não se contentasse apenas em dar o golpe de estado no absurdo.

Ano que vem talvez eu tente contato. Em meu planeta não existem pedras pontiagudas debaixo dos elevados...

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