Lembra?... Aconteceu a matéria física dos corpos orbitando os dias, suspensos no tempo, nos agoras flashs fotográficos. Tudo é esquecível.
Manipulo, sugestiono, convenço, dobro roupas embalado pelos discos de conforto, penso: haverá o tempo que os jovens não entenderão o conceito de um disco e seu contexto? É hoje? Importa?
Voltaste dos outroras, das miragens curvilíneas, subverteste a boca tradutora do silêncio, impuseste as mãos aos meus enfermos versos e disseste: "vai, e anda!"
Quando eu dominava as musas outonais trouxeste teus jasmins, tuas acácias, teus ipês, tuas flores de maio, as tuas, os teus...
Demoro, ritualístico, lapidando o subjetivo, sou o rei deposto, decapitado, de olhos abertos furto os lumes fugidios, as músicas fluviais e bentas...
Pequei quando a expectativa era que fosse eleito, digno do arrebatamento, do emprego da palavra, dos infravermelhos véus químicos que revelam a identidade nos astros, dos planetas em zona habitável, das anãs escarlates, demarco fronteiras com bandeiras de sangue, coagulo mágoas, inoculo peçonhas, morfinas, transcenderam-me os espectros dionisíacos no éter, roubei Prometeu e deixei o fogo primo sobre o altar bizarro do mito, intocado, indexado e precito.
Lembra?... Eis o gêiser de brados bélicos ecoando, eis as cruzes nos ombros dos atlas modernos, as tripas de titãs aos bicos dos abutres críticos, quanta fome, quanta sede, quantos boletos bancários, quanto esgotos boquiabertos, Lázaros bichados, quanto esquecimento...
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