Carta XIV



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Ando projetando meu espírito, sabes. Daqui dali colhendo, mastigando, refazendo, perseguindo linguagens do meta tradutor que almejo.
De manhã, desde que fui ao neuro, fico status: lento (- 10% movimento) (+ 50% percepção), oráculo sustenido, mas desassociado, pulo fora da canção, do tempo, atonal e corrompido. 
Compreendes, eu vejo, julgo ver... suponho tua empatia e confiança, agora que em teus ombros repouso a voz, intento a imagem límpida, a suja, que te insira na paisagem, quando a beleza vier montar o espetáculo de outono, sempre outono é lindo, mas sem teus olhos é só folha seca, mofo contradito, qualquer alegoria que é finita em si e acontece longe. Livre arbítrio que nada, somente há o que há de ser e sendo basta... basta, né? 
O que fizemos nós dois de nós mesmos? Se a vida é isto ou aquilo outro, se lá desce aos círculos de lirismos medievais, se aqui sobe escadas de plasma a dar mata leão em anjo, se em tudo se desdobra  incessante porque e só porque estamos vendo, documentando, dando ângulos, profundidade, textura, enquanto somos. Bem, a qual lugar cheguei aqui? 
É próprio dos doidinhos confessar seus vaticínios, então não me venha rir de frente, aguarde o fim. 
Finjo não ser ingênuo, ao menos não em aspectos medianos de ingenuidade. Cresci rodeado de mulheres e nessa âncora me agarro, aporto no cais que invento e, que graça, acredito.
Comprei um Rimbaud seminovo, agora está no centro logístico de São João de Meriti, passando de mão em mão na abissínia carioca, vou desposa-lo em breve, Verlaine que não saiba, careca fudido!
Já viste o filme Ágora de 2009, com Rachel Weisz? Essa semana fiquei stalkeando Hipátia de Alexandria, como ninguém nota Shakespeare de autor-fantasma nessa história? Então, compus uns decassílabos pensando em ti, espero que goste, mesmo traçando paralelos com outra mulher que foi brutalizada violentamente, goste, ok?
No mais, é isso. 

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